31.8.08

Bahia de Todos os Santos

É em momentos como este que a solidão me irrita (ou entristece, não sei). O dia decorreu como o tinha imaginado, e gostaria de ter partilhado: um soberbo passeio pelo lado sul da ilha de Itaparica; almoço adorável numa casa magnífica, a meia-dúzia de metros das águas da Bahia; a doce e longa embriaguês que resultou de tudo isto.

Durante o passeio tentei lembrar-me de dois ou três sítios como o que estava a ver: vieram-me à memória a Irlanda, os Açores, alguns recantos do Norte de Moçambique, outros do Canal de Panamá (se fosse menos infeliz quando por lá passei), a pequeníssima porção de Madagáscar que conheço, o lago Tanganika. O objectivo não era estabelecer comparações, mas lembrar-me de lugares onde senti o que senti hoje, a mesma emoção, o mesmo desejo de me fundir na paisagem.

A Bahia de Todos os Santos é um dos locais mais belos que conheço, e dos poucos que tenho vontade de conhecer melhor (os outros sendo o lago Tanganika, onde morrerei, se Deus quiser, e o canal do Panamá, onde ressuscitarei).

Gostaria de ter partilhado este passeio de barco, esta orgia de floresta verde, verde e verde (não há um centímetro quadrado que não seja verde, não há tom de verde que não esteja presente, não há verdes mais sensuais, obscenos, alegres, eternos dos que os que eu vi hoje).

Seguiu-se-lhes esta suave embriaguês, o pôr-do-sol visto "do outro lado", a viagem na "lanchinha" (um ferry de madeira de 200 lugares que balançava e rangia como se o mundo fosse acabar amanhã), três quibes na Barra, uma caipirinha, meia dúzia de linhas desconchavadas e um post melancólico e solitário.

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