Há vários tipos de problemas, com causas, consequências e gravidades muito diferentes. Eu divido-os em dois logo à partida: aqueles em que se pode pôr um número, e os outros. Estes são os piores.
Se alguém tem um problema e pode dizer "com 500 (ou 50 mil, ou 500 mil, ou 5 milhões) de euros resolvia-o" a solução é fácil: ou encontra o dinheiro (no caso de não o ter, claro) e o problema está resolvido, ou não encontra - e fica igualmente resolvido. "O que não tem remédio remediado está", diz o povo na sua infinita e insondável sabedoria (o que eu gosto da sabedoria popular... Ninguém imagina). Um problema sem solução deixa de o ser; e passa a infelicidade, tristeza, dor, anátema, estigma, maldição - tudo, menos problema.
Já a mesma pessoa acordar de manhã e descobrir que não gosta da mulher (vamos assumir o sexo masculino para a pessoa em questão, para facilitar o desenrolar da coisa); ou sair do médico a saber que ou corta o periscópio ou vai desta para melhor; ou descobrir que o novo pároco lhe anda a plantar chifres na cabeça depois de cada missa; ou que o filho se quer inscrever no partido comunista e a filha ir viver para uma comunidade de hippies na ilha de La Gomera - isso sim, são problemas dignos do nome, que não se contentam com uma solução por defeito.
Se alguém tem um problema e pode dizer "com 500 (ou 50 mil, ou 500 mil, ou 5 milhões) de euros resolvia-o" a solução é fácil: ou encontra o dinheiro (no caso de não o ter, claro) e o problema está resolvido, ou não encontra - e fica igualmente resolvido. "O que não tem remédio remediado está", diz o povo na sua infinita e insondável sabedoria (o que eu gosto da sabedoria popular... Ninguém imagina). Um problema sem solução deixa de o ser; e passa a infelicidade, tristeza, dor, anátema, estigma, maldição - tudo, menos problema.
Já a mesma pessoa acordar de manhã e descobrir que não gosta da mulher (vamos assumir o sexo masculino para a pessoa em questão, para facilitar o desenrolar da coisa); ou sair do médico a saber que ou corta o periscópio ou vai desta para melhor; ou descobrir que o novo pároco lhe anda a plantar chifres na cabeça depois de cada missa; ou que o filho se quer inscrever no partido comunista e a filha ir viver para uma comunidade de hippies na ilha de La Gomera - isso sim, são problemas dignos do nome, que não se contentam com uma solução por defeito.
Os problemas que não se resolvem com um número resolvem-se quase sempre com uma letra (e não me refiro às do banco). Ou melhor, com muitas letras juntas, a formar palavras. São desafios maiores do que os dos números, é verdade. E nem sempre o problema se resolve como gostaríamos... às vezes passa a ser "infelicidade, tristeza, dor, anátema, estigma, maldição".
ResponderEliminarVoilà.
Falíveis, estas taxinomias, Justine. Tem razão, claro: às vezes, os outros problemas descambam, é verdade.
ResponderEliminarPor exemplo: imagine que no exemplo da minha história substituía o padre por um contabilista, deputado à Assembleia da República, fiscal das finanças (estas duas últimas personagens foram-me sugeridos offline por uma amável, e presumo que católica, comentadora): o problema deixava imediatamente de o ser. Aliás: até se podia agradecer à esposa adúltera - no caso de ela fugir mesmo com os ditos senhores, claro, um de cada vez ou todos ao mesmo tempo.
(Isto, ça va de soi, sem ofensa para as profissões mencionadas: tenho o maior respeito pelos deputados à Assembleia da República, por exemplo.)
Começo a simpatizar com a sua maneira de resolver problemas, caro Luís... essa solução para entreter fiscais das Finanças e deputados inúteis parece-me óptima, e acho que todos nós patrocinaríamos de boa vontade essas fugas!
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