30.10.08

Terminal de Contentores de Alcântara

Lisboa: Porto nega que alargamento de terminal de contentores crie muralha de aço frente ao rio

29 de Outubro de 2008, 18:08

Lisboa, 29 Out (Lusa) -- A Administração do Porto de Lisboa (APL) garantiu hoje que o alargamento do terminal de contentores de Alcântara não vai criar uma barreira entre cidade e rio, afirmando que é necessário para responder às necessidades portuárias da capital. Da Capital?

"Só podemos responder ao mercado com condições operacionais e físicas", argumentou, referindo que Resposta: é preciso pensar o crescimento do Porto de Lisboa numa lógica ibérica, prevendo uma "plataforma integrada" dos portos atlânticos e mediterrânicos da Península. Um dos objectivos da ampliação do terminal é servir de plataforma de transbordo para a península ibérica. Será pedir demais, que quem governa exponha claramente o conjunto dos dados de um projecto, em vez de sonegar informação? Porque sentirá a APL esta necessidade de calar os pormenores (e se não tem sido esta movimentação, os pormaiores) deste projecto?

Em relação às preocupações manifestadas pela oposição camarária quanto ao aparecimento de uma "muralha de aço" de contentores em Alcântara, o presidente da APL contrapôs que serão demolidos edifícios que já não cumprem funções portuárias com alturas entre os "15 e 17 metros", mais do que a cota de nove metros máximos resultante do empilhamento de contentores. Edifícios esses que foram deixados apodrecer para poderem ser deitados abaixo sem problemas.

Frisou que o alargamento previsto será feito "sem crescimento de qualquer barreira visual" com a acumulação de contentores, acrescentando que a ligação ferroviária subterrânea prevista no projecto vai permitir a redução de "mil camiões TIR" por dia a circular por Lisboa e que será reforçado o transporte de contentores pelo rio em barcaças, com cada embarcação a permitir levar o que teria de ser carregado em cerca de 40 camiões. Os comboios e as barcaças vão escoar os contentores sem necessidade de os parquear? Então para que serve toda a área de parque prevista no plano?

Com a ligação ferroviária subterrânea à Linha de Cintura -- a que passará a estar ligada também a linha de Cascais, também subterraneamente -, os dois comboios diários que escoam contentores poderão passar a quinze por dia, destacou. Muito bem. Criamos um probema que nao existe e de que não precisamos, atiramos-lhe com uma pipa de massa para cima e hey, presto! fica resolvido (enfim, sempre são seis anos - se forem seis anos - de obras).

Em termos de investimento futuro, a APL prevê gastar cerca de 220 milhões de euros, 142 milhões dos quais até 2013, enquanto a concessionária do terminal, a Liscont, gastaria 226 milhões, 146 até 2013. A perspectiva de lucro é de um aumento de "mais de cem por cento", com os actuais 3,7 milhões de euros por ano actuais a passarem a 8,6 milhões. Esse é o lucro da APL. Falta mencionar o da Liscont. Lucros esses obtidos à custa da imposibilidade de usufruirmos o Rio numa área nobre da cidade até 2042.

Há algum estudo feito sobre outras utilizações para aquela área? Investimentos, proveitos, externalidades?

Respondendo a uma questão levantada pelo presidente da autarquia, António Costa (PS), Manuel Frasquilho rejeitou a possibilidade de o terminal de contentores passar para outro local: no Poço do Bispo não há condições de navegabilidade para navios de maior porte, enquanto na Trafaria (margem Sul), "as acessibilidades actuais são um caos", para além de ser preciso um "estudo hidrográfico sério" para avaliar a profundeza do leito do Tejo. As acessabilidades actuais da Trafaria são "um caos". Em Alcântara é preciso construí-las de raiz. Há alguma comparação de custos? Se sim, porque não no-la mostram? Se não, porquê?

Manuel Frasquilho referiu ainda que o projecto da APL prevê uma requalificação do largo frente à Estação Marítima de Alcântara e a manutenção do espaço das Docas tal como está. Após 6 anos de obras num ponto nevrálgico da cidade (assumindo que são seis anos, coisa de que o historial das nossas obras públicas obriga a desconfiar - tal como dos custos anunciados, aliás). Seria também bom que nos explicasse o que vai acontecer às embarcações de recreio que lá estão, e cuja coabitação com barcaças e navios SSS me parece utópica. (short sea shipping)

Via Notícias do Sapo.pt

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