11.12.10

Zanzibar

[Nota prévia: devia ser proibido chamar Zanzibar a um bar.]

Está um calor opressor, pesado, abafado. Regularmente chega-me o sopro da ventoinha. Na baía o movimento de luzes é grande: encarnado dos que entram, verde dos que saem (menos), branco dos fundeados. As luzes contrastam com o negro profundo, absoluto, da noite. "Parecem almas penadas", penso. Para logo acrescentar "quem me dera ser uma delas".

Em breve será Natal, a época do ano que melhor compreendo e mais detesto. É quando se fecha o ciclo que se definem as pertenças. Ela por ela, prefiro a Páscoa, que o abre, e é menos exigente.

Vim beber - finalmente - um copo de vinho ao Zanzibar. Em breve terei de me ir embora. Isto é um bar de karaoke, e ainda me lembro do de Cayenne, Deus me acuda. O vinho é assim assim, e custa a mesma coisa que um ti'punch "vieux". Gosto mais dele novo: o contraste com o açúcar, e essas merdas todas. Mas apetece-me beber vinho, e olhar para a baía, mesmo que através de grades, e sabendo que é um breve intervalo. Como a luz de um farol, útil porque acende e apaga. Se estivesse sempre acesa seria inidentificável; apagada, não serviria para nada.

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