27.6.16

Uma lauda ao SNS

A história é longa e vou cortá-la em pedacinhos pequenos. No tempo em que eu tentava viver no planeta Terra vivia em Genebra, uma cidade que está muito longe de ser o cemitério que parece ser. (Estava. Parecia. Hoje não parece e continua a não ser).

Tinha um seguro de saúde que me dava acesso aos hospitais privados, quartos individuais e outras coisas do género. Um dia resolvi fazer uma operação ao septo nasal, que sempre tive torto e me impedia de respirar normalmente. Perguntei a quem sabia o nome de dois ou três otorrinos de confiança, mas estavam cheios até às calendas; os dois ou três seguintes idem. Quando me aborreci de telefonar aos nomes que me recomendavam - a resposta era sempre a mesma - mudei de estratégia. Peguei na lista telefónica e comecei a chamar todos os otorrinos da cidade por ordem alfabética.

A primeira que tinha vaga imediatamente estava na letra H, creio.

Se não era devia ser. H de horror. Passei por vários episódios giros e cheios de piada com a senhora - um dos quais foi ela ter provocado uma hemorragia durante a operação que se viu aflita para controlar e acabou por não fazer nada no septo, que ficou tal e qual -; os outros foram variados. Sei que quando chegou a vez do Ménière eu já não estava muito interessado. Ela receitou-me uns comprimidos que não serviram para nada e deixei de tomar relativamente depressa, a primeira fase da doença passou - é a pior - e pronto. Tudo seguiu o seu curso. De vez em quando lá tenho uma crise, mas nem a frequência nem a intensidade são suficientes para me aborrecer muito ou fazer tomar atitudes drásticas.

Hoje a jovem, bonita, desempoeirada (é tão bom ouvir alguém tratar-nos pelo primeiro nome) e competente senhora que me recebeu mudou completamente o rumo da coisa. Em Setembro vou, imagine-se, fazer uma bateria de testes para tentar perceber um pouco mais desta porcaria.

O Serviço Nacional de Saúde é uma maravilha. Só é pena é a saúde privada não ser mais acessível para que a espera no SNS seja mais curta. Devia democratizar-se o sector privado ainda mais do que já está. Afinal de contas, tesos como eu somos cada vez menos.

E cada vez mais velhos, verdade seja dita. Daqui a dez anos a espera será muito mais curta do que é hoje. E as médicas continuarão - aposto - jovens, bonitas, desempoeiradas e competentes. De dar vontade não de se estar doente mas de nos curarmos.

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