29.1.17

Diário de Bordos - Guimarães, Portugal, 29-01-2017

A modernidade é uma senhora muito bonita, por quem eu estou apaixonado mas em quem não tenho inteira confiança.

A pregaria Danúbio Bar, sita se não estou em erro na rua D. Afonso Henriques, Guimarães justifica essa desconfiança. É um faux-pas da modernidade. Mas a carne é boa; perdôo-lhe e continuarei a amá-la  (a modernidade. À Pregaria nunca mais regressarei, salvo urgência. Não é que o prego estivesse mau; não estava bom).

Turisto em Guimarães. Há pouco abri uma excepção à minha forma de turistar e fui a um Centro Cultural. Estava fechado, de modo agora oiço o relato de um jogo do detestável futebol na televisão atrás de mim e uma conversa em voz demasiado alta entre os dois empregados da "pregaria" à minha esquerda

Lá fora chove, venta, faz frio e tudo se cinzenta. Sinto-me no Porto há quarenta anos. O Porto mudou bastante, felizmente.  Talvez graças ao aquecimento global: já lá estive com dias cheios de sol, a cidade rejuvenescida. Até o cinzento mudou de cor.

Guimarães não sei. É a primeira vez que cá venho. Apesar da chuva a cidade é-me simpática. Mais do que simpática, na verdade. Adorável estaria mais perto.

Tomemos por exemplo o hostel onde estou. Antigamente chamar-se-ia Pensão ou Residencial Marques (suponho, com base na password do wifi). O quarto é grande, acolhedor, gélido  (mas a senhora ligou o aquecedor), bonito e dá vontade de aqui ficar pelo resto da vida.

Como não gostar de uma cidade assim, uma cidade em que um homem se prepara para a sesta como se se preparasse para uma estadia de vinte anos (mas não mais, Senhor, por favor)?

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