15.7.17

Diário de Bordos - Menorca, Baleares, Espanha, 15-07-2017 (post a posteriori)

Isto dito, de Menorca até agora conheço dois restaurantes, um shipchandler e o escritório da marina.

Num desses restaurantes comi um bacalhau "panado" e que está claramente entre os dois melhores bacalhaus que jamais comi.

O outro foi na La Toupina, em Bordeaux. Não deixa de ser curioso que um português amante de bacalhau, conservador e céptico (passe a redundância) precise de ir ao estrangeiro para confirmar as ilimitadas capacidades gastronómicas do bicho.

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Vou ter problemas com esta malta por causa do ar condicionado. São mexicanos.

Como todos os latino-americanos "detestam" os Estados Unidos e copiam tudo o que os americanos fazem.

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Hoje de repente pareceu-me que em breve poderia ter uma proposta de trabalho num cata de oitenta e quatro pés nos Estados Unidos.

A proposta ainda não chegou mas já lhe disse que não. O Alentejo tem muita força.

(Inimaginável: é um dos botes mais bonitos nos quais me foi dado entrar, muitas vezes. Se alguém algum dia me dissesse que a minha cabeça se fechou a uma coisa destas eu diria "és maluco". Se acrescentasse que esta decisão me encheria de alegria eu diria "estás doente").

Não estou nem sou. A Flórida é muito longe do Alentejo (e de resto a proposta ainda não chegou).

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Primeiro contacto com a alta burguesia mexicana? Não. Em Acapulco já tive o prazer dúbio de confirmar que na América Latina o mais pequeno dos problemas são os gringos.

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Logo a seguir a um bom amor a melhor coisa do mundo é uma boa tripulação. Um bom bote vem em terceiro lugar nas raízes do bem-estar, harmonia e felicidade.

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O charter é uma actividade nobre: trabalha-se para explicar às pessoas porque tiveram razão em esfolar-se o ano todo como nós nos esfolamos agora, nestas horas entre a saída de uns clientes e a chegada dos outros, e durante a estadia deles a bordo e depois nas reparações de fim da época.

Se bem seja forçoso reconhecer que a simetria não é perfeita. Longe disso, sejam Deus ou quem o substitui louvados.

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Quando era miúdo sonhava ser rico (como todos os miúdos, suponho) quando fosse "grande". Hoje sou grande e percebo até que ponto realizei o meu sonho de infância, apesar de não ter - literalmente - onde cair morto.

Enfim, literalmente é mentira: tenho setenta por cento da superfície do planeta. Deve haver pouca gente mais rica.

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