20.9.17

Diário de Bordos - Ria de Arousa, Galicia, Espanha, 20-09-2017

Estamos a entrar na ria onde o G. C. segundo) vai passar o inverno.  Estou contente por a viagem ser curta: este armador não é como o Mike, com quem atravessei o Atlântico e voltaria a atravessar, vírgula já. Do bote pouco há a dizer: um quarenta e seis extremamente bem mantido (o armador tinha uma empresa de reparação naval em Fort Lauderdale), confortável, com uma péssima passagem na vaga e - isto é o pior - um daqueles biminis que se fecham totalmente. Parece uma estufa.

[Adenda: poucos armadores são como o Mike, inútil é sonhar.]

O pior nem é o calor: esta noite esteve frio e durante o dia podemos levantar dois painéis laterais, um de cada lado (poderíamos, se o armador quisesse). O pior é que esta porcaria nos isola de tudo o que eu gosto quando navego: o vento, o cheiro do mar, o frio quando tenho roupas para ele.

Estamos a chegar. A viagem correu bem e eu confirmo, outra vez e outra vez, que o mar é muito tolerante. Ainda bem. Eu já beneficiei dessa tolerância.

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Chegamos por volta das onze e meia. O projecto é simples: atracar, tomar um duche, pegar no saco, almoçar e largar para a camionete. Sábado há mais.

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Os senhores são mais forretas do que frugais e eu tenho pouco de um e outro. Ela não gosto de navegar. Acha "aborrecido" (cito). Anda aqui a reboque do marido (interpreto). Deixaram o negócio aos filhos e vieram viajar. O barco ficou-lhes barato porque foi um negócio que o senhor fez. Está não só bem mantido mas equipado com o melhor que há, limpíssimo. Tudo funciona.

Diferente da ruína flutuante "charter de luxo" do aldrabão siciliano. É preciso de tudo para fazer um mundo, dizem os franceses. Eu concordo, mas não me importaria nada que o meu mundo ficasse cada vez mais pequeno.

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