6.1.18

Diário de Bordos - Lisboa, 06-01-2018

Gosto destes dias claros e frios de inverno; o ar faz cócegas, sentimo-nos revigorados a cada inspiração.

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Mudei de casa: deixei o F. e fui para casa de J., a senhora que me forçou a dar ao D. V. outro destino. "Forçar" não é de mais. Mas agora que interiorizei o projecto, finalmente, pergunto-me porque resisti tanto. Todos os dias.

A casa é um paraíso para qualquer bibliófilo (e melómano, já agora). O único inconveniente é que os meus trajectos de bicicleta ficaram reduzidos a um décimo, por causa da localização do apartamento.

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Uma das grandes conquistas da civilização foi diferenciar a punição da vingança. A civilização é um longo, lento e penoso exercício de desapaixonação, de-sentimentalização. Talvez seja por isso que assistimos regularmente ao aparecimento destes movimentos espiritualistas, iogas, new age, IURD, tretas. As pessoas precisam de sentimentos como as torradas de mel, coitadas. Não lhes chegam os que a natureza lhes deu: afectos, ternuras, amor, amizade; e as irritações do quotidiano, que são tantas.

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Se bem hoje tenha tido uma alegria logo pela manhã: uma carrinha deu-me passagem numa passadeira para peões, já eu ia montado e pronto para a deixar passar. Que chatice! Nunca mais conseguirei reclamar convenientemente dos condutores dessas coisas, que juntamente com os fogareiros são os mais assanhados contra os ciclistas. Não tarda vai ser um táxi a ter uma atitude cordial.

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