6.4.21

Diário de Bordos - Genebra, Suíça, 06-04-2021

Conversa com o C. M. F. sobre longitude. A ajudá-lo no seu próximo livro, sobre mar e fotografia - se é que se pode chamar «ajudar» a duas dicas e três ligações. Deu-me vontade de retornar ao meu livro sobre o mar, completá-lo, encher-lhe de carne o esqueleto.

Mais um passo de gigante para o colóquio. Ou melhor: promessa de passo. Se a resposta for sim, posso ficar feliz; se for não, também: mais vale perder do que não tentar. Prefiro levar um murro de um gigante a levá-lo de um anão. Dói menos.

Escutei pela primeira vez em muito tempo uma das minhas entrevistas favoritas. Fiquei comovido: é bom ser apreciado por quem sabe ler. Quando o saco de calhaus que trago às costas se esvaziar - ou pelo menos aligeirar - retorno à escrita, essa casa na qual detesto estar e tanto gosto de ter estado, passe a paráfrase.

Em Genebra os cafés continuam fechados. A loucura é generalizada. Só varia em grau. Se fosse religioso acenderia uma vela à governadora do Dakota do Sul todos os dias. Há muitos anos que não vejo um político merecedor de respeito.

Três dias de conversas com J. v. H. Em noventa e nove por cento delas, o tema foi a merda da Covid. Esta porcaria invade-nos tudo: a vida, os dias, as amizades, a paciência, os passeios no campo, a humanidade, tudo. Nada lhe escapa. Na filosofia do meu sétimo ano chamava-se a isto um englobante. Hoje chamar-lhe-ia englobante emético: vomito Covid por todos os poros.  

Quase há um mês em Genebra e ainda não comi uma fondue. Estou a ficar suíço...

...e a precisar do meu P., doentiamente.

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