29.7.21

Coisas

É muito difícil falar das coisas, porque a) coisas é vago e b) falar inútil. Ninguém me ouve (felizmente, se não teria de ficar calado) e coisas tem vários significados, varia com o auditório. Reduzo-me portanto a falar da vida (a minha, a única que conheço) e das coisas que me tocam. São poucas, inútil é dizê-lo: um par de mãos, um par de olhos, um par de mamas, meia dúzia de músicas, um dia no mar. Do resto, pouco sei: a poesia, a prosa, o vinho, o rum, a luz; meu Deus, a luz. O vento. A amizade. Sou tocado por uma determinada quantidade de coisas - por feliz acaso, as que toco. Retribuo o que recebo (com as possíveis excepções da música e das letras, que recebo muito mais do que dou, mas isso fica para depois).

Pouco importa. Gosto da palavra coisas, das coisas que ela - para mim - designa, das coisas que me tocam. Com as outras tento não me preocupar.

Infelizmente, consigo.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.