2.4.24

Chuva, palavras

Voltei para casa quando começou a chover. As palavras não se importam nada com a chuva. Eu detesto. Todos os dias as levo a passear ao jardim perto de minha casa. Às vezes vamos à praia: elas gostam de brincar na areia, de ver o mar. Algumas sentam-se comigo no xiringuito, se calha estarmos em Espanha. É importante arejar as palavras. Fechadas em gavetas ou em canetas criam mofo num instante. Além disso, faço exercício. Pouco, é certo. Não sou da família dos peripatéticos mas sempre é melhor que nada. Volta e meia perco uma, mas não tarda outra se junta à matilha. Digo matilha e não rebanho: são demasiado selvagens, mudam, desafiam-se. São desobedientes. As vezes obrigam-me a correr atrás delas, o que sobremaneira me chateia. Prefiro quando vêm ter comigo.

Também prefiro quando não está a chover.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.