28.11.24

Já por aqui o disse, mas este blogue anda em circunvalações, espirais, às voltas e outros modos de se enrolar sobre si próprio

O verbo amar não tem pretéritos e a ter um seria o imperfeito. Tão pouco tem condicional. Só tem presente do indicativo e quem é o indicado, quem é? (Há presentes perfeitos? Não, só imperfeitos.) A declinação correcta do verbo amar implica o uso constante da forma interrogativa. Ah, só tem duas pessoas - a primeira e a segunda. Do singular. 

Ponhamos de lado as circunvalações conjugativas de verbos que de nascentes passam a torrentes impetuosas cheias de quedas, cascatas, barragens, inundações e desaguam em fozes desconhecidas. Somos aquele canal estreito entre os bolbos da ampulheta? Somos o que fomos? Estamos constantemente a encher a ampulheta de mais areia, impedindo-a assim de medir correctamente o tempo e dando-nos a impressão errónea de que somos eternos? Se sim, quem põe a areia? O amor, claro. Que outra mão haveria para o fazer?

Somos uma mistura de areia que cai e água que corre e essa mistura tem um nome.

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