7.11.07

Salvador da Bahia - V

Aos poucos a cidade começa a descobrir-se. É uma velha gaiteira, que foi muito bonita na juventude. De vez em quando vejo-lhe nos olhos o que viveu, sorridente e gulosa. Mas ainda não se apercebeu do tempo que passou. Tenho uma breve impressão daquilo que foi, da sua vitalidade, do seu bom humor - e apanho-me a acreditar na reencarnação, a desejá-la mesmo.

Não há uma única linha direita; a cidade cresce como uma mancha de óleo num mar de tempestade: em todas as direcções, ao sabor das vagas, das colinas, dos lagos, dos ribeiros que a atravessam. É enorme. Quando penso que estou no limite, ainda tenho mais um quarto de hora de táxi para chegar onde quero - e não é o fim. Começo a ter uma ideia de onde estou, quando me desloco, mas muito incerta.

As pessoas são de uma simpatia e de uma gentileza inexcedíveis. A vista do hotel - um 22º andar com vista para a Bahia de Todos os Santos, Itaparica, navios fundeados e mais ilhas - é de uma beleza que, de manhã, ao nascer do sol, me comove.

Aos poucos, a cidade descobre-se, e aprendo a gostar dela.

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