15.10.09

A doença infantil do comunismo

Os economistas têm por hábito explicar que os baixos salários em Portugal são consequência da nossa baixa produtividade.

Recentemente encontrei uma pessoa que trabalha numa empresa de importação e exportação. No princípio do ano os patrões (quatro) explicaram, coitados, afogados em mágoa, tristeza e em dor de alma aos empregados que não lhes seria possível aumentar os salários. A crise. A maldita, terrível, avassaladora crise.

Isto foi em Janeiro. Desde aí compraram, cada um deles, um apartamento de luxo no Parque das nações, um automóvel topo de gama e fizeram, os pobres, viagens à neve, aos resorts, à praia, ao shopping (o da 5ª avenida, não o de Almada). Ora eu que não sou economista pergunto-me, perplexo e coberto de vergonha pela minha ignorância: se a produtividade dos funcionários fosse assim tão baixa eles (os donos da empresa) poderiam ter comprado isto tudo? Mesmo assumindo que os preços dos ditos bens baixaram, claro.

Pergunto-me também se os nossos sindicatos não fizeram um erro terrível ao sacrificar salários decentes à segurança de emprego. É que assim de repente parece-me que nem uma, nem outra. Os salários baixos de certa forma compreendiam-se numa altura em que a economia rural podia suprir algumas das necessidades dos operários urbanos, mas hoje? E da segurança vamos ver o que resta, quando o desemprego começar a subir - o que de passagem seja dito já devia ter acontecido há muito tempo.

2 comentários:

  1. O problema dos sindicatos, Luís, é mais grave. Os sindicatos retiraram-se, pura e simplesmente, do sector privado, onde – pela sua rigidez e falta de preparação – perderam razão e força. No sector privado, os trabalhadores estão realmente entregues a si próprios.

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  2. Tem razão, Luísa. E honra lhes seja feita, no sector público tiveram um sucesso notável.

    Conseguiram fazer de um bando de inúteis (com a excepção de um outro juiz, vá :-); e de um médico ou dois, para não ser injusto) o grupo mais bem pago da nação - e com segurança de emprego.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.