11.5.14

Portugal

Viver no estrangeiro ajuda, obviamente - mas não é de todo imprescindível - a perceber não só que Portugal é um país fantástico mas porquê: um clima excelente, um povo afável e hospitaleiro, comida que não sendo tão boa como a maioria dos portugueses pensa é mesmo assim boa e barata e servida com um sorriso, correcção e simpatia, montes de lugares bonitos e criativos, com história, magia, alegria.

Tem alguns defeitos menores (a mania de não dizer as coisas, por exemplo); e dois maiores: a mesquinhez e a cobardia.

Não tem nada a ver com a saloiice: os portugueses são muito menos saloios do que gostam de se ver (de resto outro dos defeitos menores: a obsessão umbiguista e auto-supliciadora. Basta conhecer um redneck americano ou um digno representante da France profonde para perceber que somos um povo digno, receptivo ao exterior e aos outros).

Ando há anos pelo estrangeiro, por todo o mundo com excepção da Ásia. As únicas pessoas a quem oiço dizer mal dos portugueses são os portugueses. Os estrangeiros descrevem-nos como nós somos: afáveis, hospitaleiros, com prazer em servir.

Claro está que os estrangeiros não ouvem os nossos telejornais, não lêem a nossa imprensa e não têm a mais pequena ideia da nossa "elite" minúscula, incestuosa e ridícula. Mas quem pensa que essas coisas são exclusivas de Portugal engana-se. Não há político no mundo democrático que não minta (os outros também mentem, claro; mas por razões diferentes) - coisa que de resto me impede totalmente de compreender as pessoas que acham que os governos são coisas boas e quanto maiores melhores - e poucas são as elites dignas desse nome.

Talvez os portugueses devessem viver em Portugal como se fossem estrangeiros; ou como vivem no estrangeiro. Começariam decerto a amar-se um pouco mais.

E de caminho a ser um pouco menos cobardes e mesquinhos.

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