11.2.16

Diário de Bordos - Palma de Mallorca, Baleares, Espanha,11-02-2016

São quase nove da manhã e espero o meu café e croissant matinais. Ando a levantar-me tarde e a chegar tarde ao El Puente, onde todos os dias venho depois do pequeno-almoço a bordo. Bebo um café ou dois, como um croissant e leio os jornais - não os físicos mas os virtuais.

"Jornais" tem um sentido lato: inclui Facebook, Feedly e (hoje) leitura de algumas citações de John Stuart Mill. O debate sobre a eutanãsia parece-me um bocado inútil: Mill deu a resposta:

The only freedom which deserves the name is that of pursuing our own good in our own way, so long as we do not attempt to deprive others of theirs, or impede their efforts to obtain it. Each is the proper guardian of his own health, whether bodily, or mental or spiritual. Mankind are greater gainers by suffering each other to live as seems good to themselves, than by compelling each to live as seems good to the rest.”

Várias vezes:
Christian morality (so called) has all the characters of a reaction; it is, in great part, a protest against Paganism. Its ideal is negative rather than positive; passive rather than action; innocence rather than Nobleness; Abstinence from Evil, rather than energetic Pursuit of Good: in its precepts (as has been well said) 'thou shalt not' predominates unduly over 'thou shalt.”

Até que chegou ao ponto definitivo:
"The only part of the conduct of any one, for which he is amenable to society, is that which concerns others. In the part which merely concerns himself, his independence is, of right, absolute. Over himself, over his own body and mind, the individual is sovereign.” (O negrito é meu).

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Ir ao café ler os jornais é um hábito antigo. Pensar na eutanásia, numa morte recente que ainda não está completamente digerida e nunca o estará, ver como evoluem as previsões meteorológicas para a semana que vem (bem, obrigado), perguntar-me porque ponho a pata na poça tantas vezes e sempre da mesma maneira ("perguntar-me" é retórica. Sei a resposta. Até a repetição ad nauseam é justificada. Mais ou menos), pensar que está na altura de me ir embora, já passou mesmo a data e perguntar-me se terá feito sentido ter alertado o armador para o plotter são coisas de hoje.

Mudam todos os dias. As únicas coisas que lhes asseguram a permanência são o café e o croissant matinais: a actualidade é uma sucessão de antiguidades, não uma precursão de futuros.

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