5.7.19

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 05-07-2019

A história contar-se-ia facilmente, caso fosse preciso contá-la. Não é: todos sabemos que numa cidade as árvores, as ruas, a arquitectura, os cafés, restaurantes, museus, lojas, livrarias são apenas o cenário. Nada mais. A cidade - qualquer cidade, aldeia, vilarejo - é feita de pessoas. Já aqui algures uma vez o disse: passar a tarde num café diz-nos tanto sobre uma cidade como as mesmas horas a calcorreá-la, sobretudo se o café tiver sido bem escolhido e nas ruas estiver calor (ou frio, ou chuva ou o que for). Os exemplos disto são tantos que não vale a pena desfilá-los, como se estivéssemos a rezar o terço.

Ontem o A. M. convidou-me para jantar e eu levei-o, como sempre faço, à minha Palma. Começámos pela Bodega Belver, dali fomos ao Antiquari, depois à Ca na Chincillla. Até aqui estivemos na cidade: ruas lindas e arborizadas, prédios bonitos, estabelecimentos com carácter; mas na Chinchilla estava o F., dono do Antiquari, com a I. (de que Chinchilla é o diminutivo) e um amigo, mesmo na mesa ao lado da nossa. (Pequeno parênteses: a Chinchilla continua a ser um dos melhores restaurantes de Palma).

E assim a cidade transformou-se; isto é deixou de ser ruas e começou a ser pessoas, o que faz dela um lugar muito mais interessante e - sim - vivo. A conversa alargou-se às duas mesas, dali fomos todos para o Antiquari, juntaram-se-nos mais meia dúzia de amigos do F. e passámos uma noite porreira, a falar de rum, jazz, França e mais uma dúzia de assuntos que agora por qualquer razão me escapam.

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