23.8.19

Ecologia, pensamento mágico e histeria

No princípio dos anos 80 fui viver para Genebra. Durante as primeiras semanas - não foram muitas, se bem me lembro não cheguei a dois ou três meses - vivi num apartamento com mais duas pessoas: um auto-designado althusseriano (na verdade era mais leninista do que Lenin) e um ecologista e sindicalista de esquerda. Dávamo-nos bem, apesar das frequentes discussões políticas e de eles não conseguirem perceber como é que um emigrante sem papéis como eu era de direita (o althusserianismo tinha limites...).

Mas do que quero aqui falar é das minhas conversas com o ecologista. O planeta, dizia ele, morria cada dia mais. O homem estava a matá-lo. Mais meia dúzia de anos e viveríamos num deserto. Eu dizia-lhe que ele teria razão em algumas coisas, mas achava contraproducente o exagero do discurso, a histeria dos ecologistas. Era evidente que o objectivo deles não era defender o planeta, mas sim acabar com o capitalismo. Que não, respondia. O primeiro objectivo era salvar o planeta da morte iminente; o fim do capitalismo viria em consequência disso.

Isto foi há quarenta anos. O planeta continua à beira da morte e os ecologistas ainda não aprenderam que a histeria acabará por lhes retirar credibilidade, mais tarde ou mais cedo.

Neste momento, estão reduzidos a propagar notícias falsas, deificar uma adolescente autista e raciocinar de uma forma que faz o pensamento mágico passar por lógica cartesiana de primeira ordem.

Entretanto, o planeta lá vai sobrevivendo e o capitalismo está bem e recomenda-se.

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