23.10.19

Cada vez que o Sol se põe

Chegou o frio e com ele o Outono (não, isto não é um socialista a falar de economia. Sou eu a pensar na ordem das coisas, nas relações de causalidade, na maneira que cada um tem de interpretar o que lhe aparece pela proa, na diferença entre tolerância e relativismo, nos diferentes registos da linguagem). Chegou o frio. Para a semana talvez haja calor mas estarei em Lisboa, tanto me faz. Em Portugal vai chover, isso sei e não me indifere nada, antes muito pelo contrário. Aborrece-me bastante. Não gosto de chuva, útil que seja.

Palma está a preparar-se para o Natal. Já há luzes em bastantes ruas. Felizmente ainda não as acenderam. Já ando deprimido que chegue, não preciso de iluminações natalícias intempestivas.

Pouco importa. Mergulho nesta noite que me recusa, acaricio-a, tento suborná-la: "deixas-me dormir e em troca dar-te-ei sonhos lindos, sonhos impecáveis, novinhos em folha, sonhos que nunca foram vistos antes". A noite hesita, recua, avança, deixa-me pôr um pé na porta, acaba a troçar ternamente de mim: "Já viste quantos sonhos recebo cada vez que o Sol se põe? Que farei dos teus?"

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