14.2.20

Os cactos e as máquinas de lavar loiça

Prefiro lavar a loiça à mão, sobretudo naqueles jantares com muita gente, muitos pratos e muita loiça. As pessoas vão-se embora e um gajo vai para a  cozinha, começa a ordenar a loiça - pratos com pratos, copos com copos, panelas e frigideiras - tudo por por ordem crescente de sujidade -, talheres imediatamente para o lava-loiça, de onde só sairão por ocasião da primeira mudança de água. Depois começa-se: primeiro os copos, depois os pratos menos sujos, a seguir os mais. Chega-se a um ponto em que é preciso mudar a água. Fazem-se os talheres, enxaga-se tudo o que já está lavado e recomeça-se com o material mais pesado. Acaba-se com a bancada, o fogão, o próprio lava-loiças, o chão, se for caso disso.

É uma excelente transição da animação do jantar para a calma pós-prandial. Pensa-se no que foi - os mais saudosistas - no que aí vem - os futuristas - revive-se os bons momentos, é-se invadido por tudo o que se devia ter dito e não disse... Quem inventou a máquina de lavar a loiça fez um grande favor às donas de casa e às mulheres a dias, sem dúvida. No que me diz respeito, bem podia ter inventado outra coisa qualquer.

Excepto quando estou em casa sozinho e doente como um cacto em dia de chuva, claro. 

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