18.11.20

Mulheres fictícias

Não gosto nadinha da palavra gaja, mas gosto do conceito que acabo de ler num comentário: "gaja fictícia é uma redundância" (mais coisa menos coisa). Ainda por cima foi escrito por uma senhora. Sabe do que fala, imagino. 

A razão pela qual gosto da ideia é da ordem do sonho: nunca até hoje tive uma mulher fictícia. Só mulheres verdadeiras - devem ser as excepções à regra de redundância - e essas são muito cansativas, muito exigentes, uma espécie de ninfomaníacas do espírito. Gostaria tanto de encontrar uma ficção com mamas... Alguém que não estivesse onde eu pensasse que está, se construísse todos os dias, não fosse o que visse quando a olhasse, um fantasma etéreo que me poupasse o trabalho de a decifrar, que sem maquilhagem fosse uma pessoa e com outra, não só diferente mas irreconhecível. Uma vez tentei engatar uma miúda muito estúpida e não consegui (isto é, abandonei a tarefa precocemente, antes de ela se lembrar de não me dar tampa). Apercebo-me agora de que me enganei no ponto de vista: devia tê-la considerado fictícia em vez de burra. Dou-me muito melhor com a ficção do que com a estupidez.

Enfim, não sei como seria a relação de um tipo que não é mais do que o que é por falta de imaginação com uma mulher que só é o que não é, talvez por a ter em excesso. 

Ou, mais provavelmente, por simples e lhana falta de paciência. 

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