23.2.21

Esboço de uma teoria químico-amorosa do tempo

O passado e o futuro nunca se encontram. São mediados pelo presente, que é uma espécie de catalisador duplo: transforma o passado em futuro e este em presente, sem nunca se consumir. Poder-se-ia, se se quisesse, imaginar o tempo como uma reacção química. A lei de Lavoisier é escrupulosamente respeitada: o que se perde em passado ganha-se em futuro e este transforma-se em presente na exacta medida em que deixa de o ser. O catalisador é este minuto que agora vivo, este momento fugaz em que penso em ti, em como soubeste transformar um passado recente num futuro que se perde no horizonte e se alonga, como este faz, a cada passo que dou na tua direcção.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.