6.6.22

O que tens à mão

Por ordem: Geraldo Vandré, Mercedes Sousa com um grupo de cantores beasileiros, Simone, Sandy Denny, Maddy Prior, Virginia Astley, Beckett. O Flexiban acabou, meu caro. Agora és tu, a noite e o diabo. Não há música que te valha. Não há nada senão esta noite que insiste em intrometer-se. O sono devia deixar-te em paz. O que tu ouvias ou lias quando ouvias ou lias não interessa a ninguém. Nem a ti devia interessar, de resto. Que pensas vais levar do passado quando fores a enterrar? Ou a queimar, melhor ainda. Ficam as cinzas e essas não têm memória, nem servem para plantar flores. Deixa a noite em paz, não a vasculhes, ela retribuirá e o perdedor serás tu. És sempre tu, na verdade, faças o que fizeres.  Aliás devias deixar as dores em paz  também. Tudo, devias deixar em paz tudo o que te rodeia.

...

Que estejam dentro de ti, tanto faz: dá-lhes paz. Não as chames ao caminho, só servirá para o prolongar. Para prolongar a agonia. A paz é a melhor forma de a abreviar, de a tornar suportável. Imagina o discurso funebre: "Morreu em paz". Queres melhor?

Não há melhor, meu caro. É o que tens à mão. 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.