30.12.22

Diário de Bordos - Genebra, Suíça, 30-12-2022

Duas horas com o neto. O miúdo cresceu desmedidamente e é de uma agilidade surpreendente. Estou ansioso por que comece a falar. Até lá, mantenho a minha opinião: é um tubo digestivo com pernas. Ao princípio era o Verbo. E antes do princípio era o quê? Amor mudo...
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Amanhã passo o fim do ano com o T. A experiência do Natal, que há tantos anos não tinha, continua. No princípio é a família. Não sou suficientemente mediterrânico para dizer que a família é tudo mas sou-o para saber que a família é a âncora que nos prende à vida. Os natais e fins do ano que passei sozinho ou no mar ou em casa de amigos não me fizeram mal nenhum. Antes pelo contrário: ensinaram-me a dar valor a estes seres com quem partilho muito mais do que genes.

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Está a chover, vírgula, claro. Estranho seria o oposto. Já as temperaturas estão amenas para a época. Mais lenha para a fogueira dos catastrofistas. O desequilíbrio na informação é brutal. Há pouco ouvia um programa da Sud Radio com um jornalista científico que escreveu um luvro chamado Sapiens et le climat. Faz um levantamento de tudo o que se sabe sobre as mudanças climáticas desde que o homo sapiens apareceu na Terra. As alterações foram ainda mais brutais do que aquilo que eu pensava e obviamente não tiveram nada a ver com o homem. 

Há verdadeiramente que fazer um enorme trabalho de correcção do rumo actual da comunicação social. Esse trabalho tem de ser feito, sob pena de se voltar à idade das trevas. Precisamos de um novo Nietzsche, que o antigo ganhou cheiros. Injustos, mas não há quem lhos tire. Verdade seja dita: ele tinha a tarefa mais fácil. Só tinha um deus a matar. Agora há muitos. 

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