Faz assim: pensa num filme. Providence, de que tu tanto gostas, por exempo. Ou A Regra do Jogo. Ou Dersou Uzala, que te surpreendeu como nenhum outro. Ou Annie Hall, Manhattan ou a Rosa do Cairo. Ou centenas de outros. Mistura-os com as peças de teatro que viste, com os livros que leste, com as mulheres que amaste, te amaram ou nem por isso. Pensa numa cidade, numa viagem, pensa no olhar que trocaste com uma desconhecida na rua que atravessaste a correr e por onde não voltarás a passar, numa talhada de melão inesperadamente boa, numa mulher cujo amor te surpreende, ainda hoje.
Pensa nisso tudo e em tudo o que não mencionaste. No frio, no calor, na mão daquela mulher que te acaricia, na próxima navegação, na próxima vida, no próximo puré de batata - dessa vez terá noz moscada ou até macis, tão mais delicado.
Pensa em tudo o que tiveste e compara com tudo o que terás: é nada. Se te faltar um dia, um dia só para viver, esse dia terá tudo o que viveste até ele chegar e mais ainda.
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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.