DON’T QUIT
When things go wrong, as they sometimes will,
When the road you’re trudging seem all uphill,
When the funds are low and the debts are high,
And you want to smile, but you have to sigh,
When care is pressing you down a bit-
Rest if you must, but don’t you quit.
Life is queer with its twists and turns,
As everyone of us sometimes learns
And many a fellow turns about,
When he might have won had he stuck it out.
Don’t’ give up though the pace seems slow –
You may succeed with another blow.
Often the goal is nearer than
It seems to a faint and faltering man;
Often the struggler has given up
When he might have captured the victor’s cup;
And he learned too late when the night came down
How close he was to the golden crown.
Success is failure turned inside out –
The silver tint of the clouds of doubt,
And you never can tell how close you are,
It may be near when it seems afar;
So stick to the light when you’re nearest hit –
It’s when things seem worst that you mustn’t quit.
De um banco em St. Vincent & the Grenadines – NCB (será National Caribbean Bank?)
Tenho andado com isto desde que encontrei este texto, escrito em folhas espalhadas por um banco numa das ilhas das Grenadines. Prometera a mim mesmo só postar isto quando as coisas começassem finalmente a correr melhor. Agora é o momento.
30.8.04
29.8.04
Um corpo, uma costa
Ele gostava de ver o seu longo corpo estendido na cama. Fazia-o pensar numa costa de altas falésias da qual se aproximara uma vez, ao fim de quinze dias de mar: primeiro não se vira mais do que uma ligeira mudança no azul do horizonte; depois essa coloração ficara mais escura, mais alta e mais comprida; e, finalmente, à medida que o barco se aproximava, o azul escuro, quase cinzento, foi-se transformando em verde, em castanho – e, como agora, num branco muito claro, resplandecente, prometedor.
27.8.04
Um dia escreveu uma carta aos filhos:
"Já morri uma vez, ou duas. Não é difícil: é como tropeçar numa rua escura, à noite. Agora preparo-me para o fazer, de novo. Não se preocupem: voltarei, concerteza. É só uma interrupção, uma quebra nesta queda sem fim que começou quando nasci e não tem maneira de acabar. Costumo dizer que morri uma vez ou duas, mas não é verdade: nunca morri, porque nunca vivi: a minha vida tem sido uma sucessão de vidas, e mortes, adiadas. Espero que a vossa não seja assim. Fiz tudo o que podia para que tivésseis direito a uma morte decente: a única condição, salvo desastre, tremor de terra ou genocídio, é ter uma vida decente. Uma vida, sim, não façam essa cara. E não façam essa cara porque eu me vou embora outra vez. Não façam cara nenhuma, de resto. Morrer é um pouco como fazer vela: o mundo exterior deixa de existir. Ou como fazer amor: nós deixamos de existir; ou como tudo o que se queira. Morrer é bom, e é o que vou fazer daqui a pouco.
Foi nesta casa que viveram os meus pais, foi nesta casa que vivi uma grande parte da minha vida. Um grande casarão em pleno centro da cidade. No verão sentíamos o cheiro das sardinhas assadas da feira, mesmo em frente. Foi também aqui que vi o meu primeiro morto: um homem na linha férrea, atropelado pelo comboio. Já estava coberto por um lençol: parecia um filete de pescada antes de ser frito. E da feira não vinha barulho nenhum, porque ainda era cedo; nem da rua por baixo da ponte do caminho de ferro. O homem jazia ao lado das linhas: quase parecia uma injustiça, dir-se-ia que o comboio se desviara para lhe passar por cima. Um pequeno grupo de pessoas juntara-se-lhe à roda, a comentar e a abanar a cabeça. Nunca soube quem era, claro; nem nunca pensei sequer muito nisso. Um homem morto, coberto por um lençol branco.
Não sei se, das vezes em que morri, terei tido direito a um lençol branco: algumas foram no mar, ou pelo menos na água; outras não. Depende do que se entenda por morrer.
Uma vez fui buscar uma criança que tinha sobrevivido três, ou cinco, dias debaixo de uma pilha de cadáveres numa igreja. Ninguém sabe quantos dias: a criança não falava. Tinha sido uma tia, apresentadora de um programa erótico na televisão suiça-francesa, que a veio buscar a Bujumbura. Não vejo televisão, quem me disse o trabalho da senhora foi um colega. Pergunto-me se ela continuou o programa, depois daquilo. Ou se a criança já fala. E se hoje lê Celan:
« …Nous allions à l'abreuvoir, Seigneur.
C'était du sang, c'était
ce que tu as répandu, Seigneur.
Ça brillait.
Ça nous jetait ton image aux yeux, Seigneur.
Yeux et bouches sont si ouverts, sont si vides, Seigneur.
Nous avons bu, Seigneur,
le sang et l'image qui était dans le sang, Seigneur.
Prie, Seigneur, nous sommes proches. »
Conviver com a morte é uma das formas de morrer. Conviver com a morte e ficar-se vivo, claro. Enfim, pouco interessa. Bastar-me-ia saber-vos imortais, saber que puderam conviver comigo estes anos todos e ser felizes. Pelo menos tiveram uma infância, isto é: tiveram pais, e irmãos, e primos, e não sabiam que não morreriam, um dia. Tão pouco sabiam que morreriam, claro: é a essa forma particular de felicidade que se chama infância. Aquela criança, por exemplo, não a terá tido. Eu não tive infância, também: descobri cedo demais o que era a traição, a mentira. E cedo comecei a morrer."
Mas não a enviou; felizmente, porque também daquela vez ressuscitou.
"Já morri uma vez, ou duas. Não é difícil: é como tropeçar numa rua escura, à noite. Agora preparo-me para o fazer, de novo. Não se preocupem: voltarei, concerteza. É só uma interrupção, uma quebra nesta queda sem fim que começou quando nasci e não tem maneira de acabar. Costumo dizer que morri uma vez ou duas, mas não é verdade: nunca morri, porque nunca vivi: a minha vida tem sido uma sucessão de vidas, e mortes, adiadas. Espero que a vossa não seja assim. Fiz tudo o que podia para que tivésseis direito a uma morte decente: a única condição, salvo desastre, tremor de terra ou genocídio, é ter uma vida decente. Uma vida, sim, não façam essa cara. E não façam essa cara porque eu me vou embora outra vez. Não façam cara nenhuma, de resto. Morrer é um pouco como fazer vela: o mundo exterior deixa de existir. Ou como fazer amor: nós deixamos de existir; ou como tudo o que se queira. Morrer é bom, e é o que vou fazer daqui a pouco.
Foi nesta casa que viveram os meus pais, foi nesta casa que vivi uma grande parte da minha vida. Um grande casarão em pleno centro da cidade. No verão sentíamos o cheiro das sardinhas assadas da feira, mesmo em frente. Foi também aqui que vi o meu primeiro morto: um homem na linha férrea, atropelado pelo comboio. Já estava coberto por um lençol: parecia um filete de pescada antes de ser frito. E da feira não vinha barulho nenhum, porque ainda era cedo; nem da rua por baixo da ponte do caminho de ferro. O homem jazia ao lado das linhas: quase parecia uma injustiça, dir-se-ia que o comboio se desviara para lhe passar por cima. Um pequeno grupo de pessoas juntara-se-lhe à roda, a comentar e a abanar a cabeça. Nunca soube quem era, claro; nem nunca pensei sequer muito nisso. Um homem morto, coberto por um lençol branco.
Não sei se, das vezes em que morri, terei tido direito a um lençol branco: algumas foram no mar, ou pelo menos na água; outras não. Depende do que se entenda por morrer.
Uma vez fui buscar uma criança que tinha sobrevivido três, ou cinco, dias debaixo de uma pilha de cadáveres numa igreja. Ninguém sabe quantos dias: a criança não falava. Tinha sido uma tia, apresentadora de um programa erótico na televisão suiça-francesa, que a veio buscar a Bujumbura. Não vejo televisão, quem me disse o trabalho da senhora foi um colega. Pergunto-me se ela continuou o programa, depois daquilo. Ou se a criança já fala. E se hoje lê Celan:
« …Nous allions à l'abreuvoir, Seigneur.
C'était du sang, c'était
ce que tu as répandu, Seigneur.
Ça brillait.
Ça nous jetait ton image aux yeux, Seigneur.
Yeux et bouches sont si ouverts, sont si vides, Seigneur.
Nous avons bu, Seigneur,
le sang et l'image qui était dans le sang, Seigneur.
Prie, Seigneur, nous sommes proches. »
Conviver com a morte é uma das formas de morrer. Conviver com a morte e ficar-se vivo, claro. Enfim, pouco interessa. Bastar-me-ia saber-vos imortais, saber que puderam conviver comigo estes anos todos e ser felizes. Pelo menos tiveram uma infância, isto é: tiveram pais, e irmãos, e primos, e não sabiam que não morreriam, um dia. Tão pouco sabiam que morreriam, claro: é a essa forma particular de felicidade que se chama infância. Aquela criança, por exemplo, não a terá tido. Eu não tive infância, também: descobri cedo demais o que era a traição, a mentira. E cedo comecei a morrer."
Mas não a enviou; felizmente, porque também daquela vez ressuscitou.
21.8.04
Porquê?
Finalmente, a resposta:
Enigma teológico
Há muito tempo, não se sabe quanto,
Um deus olhava o mar e só
ele o olhava. Passavam dias e noites,
ventos e pássaros, verões e invernos,
e o deus não virava os olhos da água,
olhando o mar com a sua força nua,
e contando as ondas sem se cansar. Há
muito tempo, não se sabe quando,
esse deus perdeu-se, quando olhava
o mar, e é por isso que ainda o
procuro, de cada vez que olho o mar.
Nuno Júdice, in O Estado dos Campos, ed. Dom Quixote, 2003
Enigma teológico
Há muito tempo, não se sabe quanto,
Um deus olhava o mar e só
ele o olhava. Passavam dias e noites,
ventos e pássaros, verões e invernos,
e o deus não virava os olhos da água,
olhando o mar com a sua força nua,
e contando as ondas sem se cansar. Há
muito tempo, não se sabe quando,
esse deus perdeu-se, quando olhava
o mar, e é por isso que ainda o
procuro, de cada vez que olho o mar.
Nuno Júdice, in O Estado dos Campos, ed. Dom Quixote, 2003
11.8.04
Le Clézio
"Je voudrais que plus rien ne soit différent de moi, qu'il n'y ait plus jamais d'éloignement".
Le Clézio, Le Livre des Fuites
Le Clézio, Le Livre des Fuites
10.8.04
Sede
Eu tinha fome, e com o teu desejo me alimentaste; eu tinha sede, e com ele me deste de beber; eu precisava de liberdade, e dele me libertaste.
Amor
Por vezes, ela fazia-me lembrar aquelas fotografias de uma explosão solar - chamas com milhões de quilómetros, e no dia seguinte perturbações magnéticas em todo o sistema solar.
Fazer amor com ela era como fazer amor com a terra.
Fazer amor com ela era como fazer amor com a terra.
A fuga
No dia em que matou Abel, Caim justificou-se. "É demais, Senhor, a força que me deste; prefiro ser fraco, prefiro fugir. Nunca terei força para suportar este acto - estou para sempre condenado ao remorso, à vileza". Mas Abel vingou-se - deu ainda mais força a Caim. "A fuga está-te para sempre vedada. Estás condenado a errar, e a suportar a consequência dos teus erros".
8.8.04
"Next morning, at daylight, the Narcissus went to sea."
Next morning, at daylight, the Narcissus went to sea.
A slight haze blurred the horizon. Outside the harbour the measureless expanse of smooth water lay sparkling like a floor of jewels, and as empty as the sky. The short black tug gave a pluck to windward, in the usual way, then let go the rope, and hovered for a moment on the quarter with her engines stopped; while the slim, long hull of the ship moved ahead slowly under lower top-sails. The loose upper canvas blew out in the breeze with soft round contours, resembling small white clouds snared in the maze of ropes. Then the sheets were hauled home, the yards hoisted, and the ship became a high and lonely pyramid, gliding, all shining and white, through the sunlit mist. The tug turned short round and went away towards land. Twenty-six pairs of eyes watched her low broad stern crawling languidly over the beating water with fierce hurry. She resembled an enormous and aquatic blackbeetle, surprised by the light, overwhelmed by the sunshine, trying to escape with ineffectual effort into the distant gloom of the land. She left a lingering smudge of smoke on the sky, and two vanishing trails of foam on the water. On the place where she had stopped a round black patch of soot remained undulating on the swell -- an unclean mark of the creature's rest.
The Narcissus left alone, heading south, seemed to stand resplendent and still upon the restless sea, under the moving sun. Flakes of foam swept past her sides; the water struck her with flashing blows; the land glided away, slowly fading; a few birds screamed on motionless wings over the swaying mastheads. But soon the land disappeared, the birds went away; and to the west the pointed sail of an Arab dhow running for Bombay, rose triangular and upright above the sharp edge of the horizon, lingered, and vanished like an illusion. Then the ship's wake, long and straight, stretched itself out through a day of immense solitude. The setting sun, burning on the level of the water, flamed crimson below the blackness of heavy rain clouds. The sunset squall, coming up from behind, dissolved itself into the short deluge of a hissing shower. It left the ship glistening from trucks to waterline, and with darkened sails. She ran easily before a fair monsoon, with her decks cleared for the night; and, moving along with her, was heard the sustained and monotonous swishing of the waves, mingled with the low whispers of men mustered aft for the setting of watches; the short plaint of some block aloft; or, now and then, a loud sigh of wind.
Joseph Conrad, "The Nigger of the Narcissus".
A slight haze blurred the horizon. Outside the harbour the measureless expanse of smooth water lay sparkling like a floor of jewels, and as empty as the sky. The short black tug gave a pluck to windward, in the usual way, then let go the rope, and hovered for a moment on the quarter with her engines stopped; while the slim, long hull of the ship moved ahead slowly under lower top-sails. The loose upper canvas blew out in the breeze with soft round contours, resembling small white clouds snared in the maze of ropes. Then the sheets were hauled home, the yards hoisted, and the ship became a high and lonely pyramid, gliding, all shining and white, through the sunlit mist. The tug turned short round and went away towards land. Twenty-six pairs of eyes watched her low broad stern crawling languidly over the beating water with fierce hurry. She resembled an enormous and aquatic blackbeetle, surprised by the light, overwhelmed by the sunshine, trying to escape with ineffectual effort into the distant gloom of the land. She left a lingering smudge of smoke on the sky, and two vanishing trails of foam on the water. On the place where she had stopped a round black patch of soot remained undulating on the swell -- an unclean mark of the creature's rest.
The Narcissus left alone, heading south, seemed to stand resplendent and still upon the restless sea, under the moving sun. Flakes of foam swept past her sides; the water struck her with flashing blows; the land glided away, slowly fading; a few birds screamed on motionless wings over the swaying mastheads. But soon the land disappeared, the birds went away; and to the west the pointed sail of an Arab dhow running for Bombay, rose triangular and upright above the sharp edge of the horizon, lingered, and vanished like an illusion. Then the ship's wake, long and straight, stretched itself out through a day of immense solitude. The setting sun, burning on the level of the water, flamed crimson below the blackness of heavy rain clouds. The sunset squall, coming up from behind, dissolved itself into the short deluge of a hissing shower. It left the ship glistening from trucks to waterline, and with darkened sails. She ran easily before a fair monsoon, with her decks cleared for the night; and, moving along with her, was heard the sustained and monotonous swishing of the waves, mingled with the low whispers of men mustered aft for the setting of watches; the short plaint of some block aloft; or, now and then, a loud sigh of wind.
Joseph Conrad, "The Nigger of the Narcissus".
7.8.04
Create post
Digamos nada, amor: nada dizer é uma das formas do dizer; e digamos nada, amor: nada dizer diz mais do que muitas palavras ditas á flor do tempo.
Amor
Não sei o que é amor. Não sei se dizer "amo-te" corresponde a qualquer coisa. Sei que é aquilo que agora penso, mas isso talvez seja insignificante para ti. E sei que é contigo que quero estar agora, e amanhã.
6.8.04
E a próxima?
Ouvi dizer que a próxima queixa em Tribunal do Dr. José Sá Fernandes, causídico emérito e paladino da legalidade, vai ser contra os entraves burocráticos que paralisam a actividade empresarial do país, transformam os gestores numa espécie de funcionários públicos (mais de metade do seu tempo é passado a trabalhar para a Administração Pública) e tanta corrupção geram.
Não? Ora bolas!
Não? Ora bolas!
Poder local
A Câmara Municipal de uma das vilas mais ricas de Portugal não sabe, hoje, de quanto dinheiro vai poder dispôr para a semana, nem quando (isto é, em que dia da semana). Parece-lhe inacreditável? É. Até uma mercearia de esquina tem uma gestão de tesouraria melhor.
Poder local? Não, obrigado. Não é que o Estado seja melhor, não é (por exemplo: hoje recebi a resposta a uma comunicação enviada para o Conselho de Ministros em Março...). Mas o poder local só serve para aumentar as camadas de ineficiência.
Num artigo que me deixou boquiaberto, José António Saraiva dizia que era necessário escolher entre governantes corruptos mas que agem e governantes honestos que não fazem nada. Por mim, prefiro governantes honestos que agem, mas aparentemente não existem.
Que fazer? Copos e corpos (mas não ao mesmo tempo...)
Poder local? Não, obrigado. Não é que o Estado seja melhor, não é (por exemplo: hoje recebi a resposta a uma comunicação enviada para o Conselho de Ministros em Março...). Mas o poder local só serve para aumentar as camadas de ineficiência.
Num artigo que me deixou boquiaberto, José António Saraiva dizia que era necessário escolher entre governantes corruptos mas que agem e governantes honestos que não fazem nada. Por mim, prefiro governantes honestos que agem, mas aparentemente não existem.
Que fazer? Copos e corpos (mas não ao mesmo tempo...)
5.8.04
Jornais e parti-pris
O Economist é o melhor jornal do mundo.
Compare-se este artigo com uma série de artigos semelhantes escritos por dois jornalistas do Los Angeles Times que o Público tem vindo a divulgar.
Compare-se este artigo com uma série de artigos semelhantes escritos por dois jornalistas do Los Angeles Times que o Público tem vindo a divulgar.
Corrida
A sua vida transformara-se numa pavorosa corrida entre ele e o tempo. Uma corrida cujo objectivo seria a redenção, ou o silêncio, consoante o vencedor.
4.8.04
Le Clézio, Le Livre des Fuites
"Ceux qui sont immobiles sur la terre errante: les voyageurs.
Ceux qui fuient sur la terre immobile: les sédentaires.
Mais ceux qui fuient sur la terre errante, et ceux qui sont immobiles sur la terre immobile: comment les appeler?"
Ceux qui fuient sur la terre errante: je propose de les appeler "marins".
Ceux qui fuient sur la terre immobile: les sédentaires.
Mais ceux qui fuient sur la terre errante, et ceux qui sont immobiles sur la terre immobile: comment les appeler?"
Ceux qui fuient sur la terre errante: je propose de les appeler "marins".
2.8.04
Vulnerabilidades
Estava fragilizado, vulnerável: tropeçava, e não era no passeio que caía, era num abismo.
Pessoas de bem
Leio em todo o lado que "o Estado Português não é "uma pessoa de bem". E as pessoas que trabalham para o Estado Português? (Enfim, pelo menos aquelas que dão origem a esta percepção, no meu caso totalmente correcta).
Loucura
Ele atravessava um momento difícil, particularmente difícil, numa vida que não era avara em momentos difíceis. Por vezes, apetecia-lhe entrar em loucura como dantes se entrava nas ordens: com a noção que talvez não seja a melhor decisão, mas que é inevitável.
Le Clézio, de novo
Um novo Le Clézio, um novo encanto: Le Livre des Fuites.
"Est-ce que vous pouvez imaginer cela? Un grand aéroport désert, avec un toit plat étendu sous le ciel, et sur ce toit, il y a un petit garçon assis sur une chaise longue en train de regarder droit devant lui. L'air est blanc, léger, il n'y a rien à voir."
Et ce n'est que le début...
"Est-ce que vous pouvez imaginer cela? Un grand aéroport désert, avec un toit plat étendu sous le ciel, et sur ce toit, il y a un petit garçon assis sur une chaise longue en train de regarder droit devant lui. L'air est blanc, léger, il n'y a rien à voir."
Et ce n'est que le début...
Futebol
Entro na camioneta, e oiço o relato do jogo de futebol; no destino, entro num café, e na televisão transmitem o jogo de futebol; amanhã, os jornais falarão do futebol. Não há quem se farte? É sempre a mesma coisa, mais golo menos golo, mais pénalti menos canto...
1.8.04
Pesadelo 2
O mundo acabou por se transformar num quadro do Bosch; poupo a descrição, por agora: tenho dois ou três monstros por afogar.
Os quais acabaram por se defender e me atacaram num belo movimento coordenado (se bem que "coordenado" seja uma palavra demasiado bonita para ser utilizada neste contexto). Resisti enquanto pude. Nadei, corri, debati-me; em vão. Finalmente deixei-me ir para o fundo de um copo de gin que, generosamente, me acolheu de braços abertos. E lá passei a maior parte do ano.
Os quais acabaram por se defender e me atacaram num belo movimento coordenado (se bem que "coordenado" seja uma palavra demasiado bonita para ser utilizada neste contexto). Resisti enquanto pude. Nadei, corri, debati-me; em vão. Finalmente deixei-me ir para o fundo de um copo de gin que, generosamente, me acolheu de braços abertos. E lá passei a maior parte do ano.
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