O último livro de Knut Hamsun chama-se ou foi traduzido por qualquer coisa como "Pelos atalhos por onde a erva cresce". Ou coisa que o valha, não me apetece ir ao Google verificar. Tivesse eu o livro à mão e teria a certeza e retomá-lo-ia aonde o deixei. Mas não tenho. Aquilo é uma espécie de auto-apologia (nota: hesitei entre panegírico e apologia. Fica este). Quem escreveu Mistérios, Fome, Pan et al. não precisa de se desculpar de coisíssima nenhuma.
Hamsun é um dos maiores escritores de sempre, escreveu um dos maiores romances de sempre (chama-se Mistérios, se por acaso) e como tinha simpatias nazis foi multado, condenado e mai-lo raio que o parta. Isto para quem pensa que os males da modernidade começaram hoje. Se não me engano até o Nobel lhe tiraram, mas disto não tenho a certeza.
Até porque não é disto que queria falar quando Hamsun me invadiu a memória e o desejo (de acariciar um livro, entenda-se). Era desta noção de estar num atalho já tantas vezes percorrido, um atalho que leva a lado nenhum. Ou melhor: sempre ao mesmo sítio.
Percorro de novo o atalho já tantas vezes percorrido, bilhete de desembarque na mão, bornal à bandoleira, pergunto-me "Porra? Porra? Porra?" e respondo "Porra!"
Por onde as ervas crescem? Sorte têm elas, que pelo menos tiveram tempo para crescer.