7.12.17

Erros, mulheres ouvintes

"Foste o meu maior erro", dizia-lhes Zero todos os dias, a todas. (No sentido de "foi um erro ter-te deixado fugir, ter-te perdido").

Elas gostavam. Zero tinha tido um número incalculável de casos (sendo um caso ter passado mais de dez minutos num banco de jardim a dizer-lhe Amo-te e a ouvir Não digas disparates, desde que ela o deixasse mexer-lhe nas mamas) e fazê-las crer que lamentava profundamente não terem ido mais longe enchia-as de satisfação.

O erro não era o que elas pensavam.

"Percebes", dizia-me "tudo o que seja acima de uma caixeira de supermercado ou senhora das limpezas é demasiado para mim. Por uma razão qualquer só engato intelectuais, artistas e mulheres que pensam".

"E ouvem o que eu digo", acrescentava com o ar mais desolado que jamais vi.

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