21.2.19

Notas do Irreal

1 - Falta humor à música electrónica. (Com excepção do Swayzak, claro). Mas isso sabe-se desde as capas dos Kraftwerk.

2 - O não-verbal dos músicos (bonito, não-verbal dos músicos) diz tudo: dobrados sobre os seus instrumentos como um artesão sobre a sua mesa de trabalho. Não tocam música, fazem sons.

3 - Quatro músicos, dos quais dois são DJ (se percebi bem, coisa que raramente acontece). O único cujo som claramente perceptível (isto é, percebia-se o instrumento que o produzia) era o sax. O concerto termina e oico-os conversar. O saxofonista está zangado porque o seu micro não estava a funcionar. Isto é, a sua música não era parte do conjunto. Era clara.

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4 - És tão boa, Lisboa. Na mesma noite ouvi música de Cabo Verde (Funaná, mas qué vaya), electrónica e agora na Poncha do meu amigo E. música de merda, enquanto bebo o melhor cocktail à face da terra (depois do Alexander, claro). A saber, uma Poncha à Pescador. A vida é uma sequência de certezas intercaladas de dúvidas.

Quanto mais certezas e quanto mais dúvidas melhor é a vida.

5 - Acabo de perceber (oh tão tarde) que existencial e palhaçada são sinónimos.

A dúvida era: devo pedir mais uma poncha? O existencial: se pedires, vais grosso para bordo.

A palhaçada: o caminho para bordo, felizmente longe.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.