29.11.19

Culpados

Para as grandes religiões monoteístas, o homem é culpado. De quê? De tudo: propensão para o assassínio, luxúria, ganância, arrogância, tudo. Desaparecida a religião - pelo menos no Ocidente - foi preciso substituí-la. As diferentes culpas fundiram-se, o diabo deixou de ser uma entidade mítica para ser um sistema económico - o capitalismo - e a religião oficial da parte "pensante" (ou pelo menos falante) da humanidade tornou-se o anticapitalismo.

Este foi passando por várias formas até desembocar no ambientalismo, que é hoje a religião dos que preferem criar homens novos a acreditar em deuses antigos. Acreditam em miúdas de quinze anos,  pensam verdadeiramente que o mundo está para acabar - temor provavelmente contemporâneo do aparecimento da prostituição, pelo menos - e dizem que deixarmos de comer carne é o caminho da salvação. Plantam árvores por cada pum que dão - há uns séculos pagavam indulgências - e fecham os olhos às diversas incongruências da sua nova fé.

Até aqui tudo bem. Cada um acredita no que quer e enquanto se puder comer  os sublimes  hamburgers do The Burger Point no Porto as tropelias da pequena sueca não são graves. O que me desinquieta é outra coisa: sempre pensei que a necessidade de culpabilizar as pessoas tinha sido um mecanismo criado pelos inventores das religiões para melhor as controlar. Vejo agora que não foi. Há um mecanismo qualquer no homem que o faz ter necessidade de se sentir culpado. Os inventores das diferentes igrejas limitaram-se a aproveitar-se dele, não o inventaram.

2 comentários:

  1. olá
    as religiões monoteístas é que inventaram um bode expiatório para a maldade humana, o demónio. nós somos naturalmente maus-:)

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  2. Obrigado. Com um pedido de desculpas pelo atraso na publicação: só agora vi o omentário, por um acaso.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.