18.12.20

Memória do fogo

Há uma espécie de lugar que não é bem um lugar. Tão pouco é uma espécie. Não passa, se queres saber, do espaço vazio que em mim deixaste, uma espécie de espaço, uma espécie de vazio, desocupado desde há muitos anos antes de te conhecer.

Chamas-me à memória as chamas que há muito tempos me chamam. Uma espécie de vazio que preenches sem querer. Não há chamas nesta planície senão as tuas, as que chamas, as que me aparecem em labaredas enormes, daquelas que queimam o tempo, me queimam, te tocam as rugas com as quais as fitas. As chamas não são indecisas. Indeciso é o tempo: vê-te e não sabe que fazer. Eu olho para o tempo e deixo-o passar: tu vens nele.

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