1.7.21

Lacan e a histeria

Lacan dizia que "a estupidez é uma histeria: basta um indivíduo saber-se estúpido para deixar de o ser." De tudo o que li dele - foi imenso, pelo menos quatro ou cinco páginas  - esta é a única coisa da qual discordo. Tendo, como tenho, assumidas deficiências cognitivas e sabendo que as tenho, das duas uma: ou a estupidez não é histérica ou é e convive bem com momentos de lucidez.

Prefiro esta hipótese. Imagino pequenas vigias de lucidez no navio da estupidez, como nos cargueiros do antigamente: eram estanques à água mas deixavam entrar luz. Em caso de temporal, fechavam-se as portas de tempo.

Quando vejo esta quantidade de pessoas inteligentes engolir a "narrativa oficial" sem sequer a mastigar (quanto mais saborear) não consigo deixar de pensar que estão a navegar no que imaginam ser um temporal, portas de tempo fechadas e apertadas até mais não.

Que isto não passe de um aguaceiro eles não podem ver: têm as portas de tempo fechadas e a luz não passa. O que não significa, obviamente, que sejam mentecaptos; e histéricos não são, com certeza. Estão simplesmente aterrorizados,  o que lhes toda o raciocínio.

Ou seja: a Inteligência pode ser histérica, a estupidez nunca deixa de o ser e a linha entre as duas flutua ao sabor do medo, entre muitas outra coisas.

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