19.7.22

Diário de Bordos - La Linea, Andaluzia, Espanha, 19-07-2022 / 2

Ir a um restaurante e pedir salada é como ir a um bordel e olhar para as cortinas. Pois bem: foi isso mesmo que me aconteceu hoje (encomendar salada, não ir ao bordel). Devo dizer que não é frequente: lembro-me bem da outra vez que encomendei uma salada para o almoço, há quase trinta anos. A experiência marcou-me de tal forma que não voltei a repeti-la. Hoje, porém, havia uma circunstância atenuante: a salada continha bacon (e fiambre, mas isso é irrelevante). De maneira lá comi uma salada e como daqui a trinta anos já cá não estou o risco de repetir a experiência é bastante reduzido. O molho não era grande coisa - uma dessas mistelas de pacote - mas o bacon veio em quantidade satisfatória e suficiente para que o «almoço» (aspas porque ironizo) não tenha sido uma catástrofe.

Ignoro a razão de tão estranho pedido. Ou se deve ao calor (pouco provável: a temperatura é de trinta e dois graus centígrados) ou ao exercício de secar-adegas de ontem (igualmente pouco provável: não é a primeira vez que seco uma adega e não estou assim tão ressacado). Enfim, seja por que razão tenha sido, encomendei uma salada e comi-a quase toda. Fica o evento registado, para não dizerem que não trato de mim.

A saída hoje abortou. A meio da baía apercebemo-nos todos de que o piloto não estava a funcionar e voltámos para trás. Hoje à noite previa uma ida ao Tamid, o restaurante judeu de Gibraltar, mas infelizmente fechou. Deve ter sucumbido «à Covid». Os f.d.p. que «geriram» a pandemia deviam ser fuzilados.. Logo se vê. Esta salada deixou-me exausto e só me apetece ir para bordo dormir. Vou dar mais meia hora ao senhor da B&G (dormir no salão tem inconvenientes destes: um gajo não pode sequer deitar-se quando quer).

A saída foi breve mas curiosa. P. (M., o dono do bote) é daqueles senhores que gosta imenso de tornar tudo muito complicado.

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