7.9.22

Diário de Bordos - Saintes-Maries-de-la-Mer, Camargue, França, 07-09-2022

As Saintes-Maries-de-la-Mer de que me lembrava estavam a quarenta anos-luz destas que agora visito e onde espero que o vento mude para continuar viagem. Pensando bem, não é necessário acrescentar luz aos anos: de uma tranquila e pitoresca aldeia da Camargue ao buraco negro turistico de hoje quarenta anos chegam largamente. É de tal ordem que nem fora de época deve ter o menor interesse.

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Cheguei a França sábado e desde esse dia até hoje ainda não comi uma refeição decente. Bebi dois copos de um vinho excelente em Montpellier e é tudo. Das Saintes então não se fala. Horror atrás de horror. La France foût le camp, diz D. Discordo, mais para não perder o hábito do que por convicção, mas é forçoso compreendê-lo.

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Não é só o vento que nos retem neste mini-inferno. Temos também um problema com a bomba de água salgada do motor, uma junta que precisa de ser mudada. E outro com as baterias domésticas. Estão mortas. A ideia inicial era parar em Marselha para reparar isto tudo, mas com o tempo como está decidimos tentar fazer as reparações aqui, com uma empresa de Port-Camargue, a meia hora das Saintes. Estou à espera da chegada do orçamento. Ontem quando saíram as previsões e vi que não poderíamos largar (íamos sair à noite, para chegar a Marselha de manhã) fiquei chateado, coisa que não me acontecia há muito tempo. O lugar é verdadeiramente horrível. Vá lá, tenho sorte com os clientes, dois homens de negócios / quadros superiores franceses e simpáticos, engraçados, Parece um remake da dupla P. / P. do BLANCA, mas em melhor: ali, havia um gajo porreiro e um chato. Aqui são dois porreiros, apesar de muito diferentes - D. vem da publicidade, era dono de uma grande agência, P. é financeiro e vem da indústria. Ao menos isso. 

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Confusão para encontrar fornecedores. O de Port-Camargue não envia o orçamento, o de Marselha (com quem me chateei hoje de manhã) diz que não vem às Saintes. Lá consegui convencê-lo, mas em contrapartida não pode vir hoje, só amanhã. Curiosamente, é um dos lados deste trabalho (e dos outros) de que mais gosto. Acho que sou bom a adaptar-me à mudança e às circunstâncias, a desenrascar-me, a resolver problemas. 

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