7.9.22

Paz, merecida paz

Sentado à beira da vida vejo-me no carrossel. O vento continua furioso e de proa, eu sem casa e sem dinheiro, o mar sem paz, fustigado por esta incessante lestada. Esta noite ronda a noroeste, dizem os oráculos. Com esta fúria, custa a acreditar. Como eu e a casa para os meus livros: os cavalos sobem e descem mas não saem do mesmo sítio. Os miúdos montam-nos, tão contentes quanto enganados. Estou farto do vento: dêem-me a brisa ligeira, térmica, da noite, a que nos empurra docemente para o mar, para o fim.

Beberei tranquilo o último gole da cicuta, não farei barulho nem reclamarei, prometo. Mas parem-me este vento, peguem fogo ao carrossel, ponham os miúdos em casa da avó, prometam ao mar a paz que ele merece.

E eu também. 

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