16.9.23

Diário de Bordos - Lisboa, 16-09-2023

É andar que me põe em contacto com o mundo. Na minha bicicleta pedalo de um lado para o outro e só vejo os pontos de partida e de chegada. O que lhes fica entre continua-me opaco, quase inacessível. De carro nem quase é. 

Hoje vinha a pé pela avenida da Liberdade (sem relação com uma certa obra literária) e vi uma marca que só conhecia de nome: Max Mara. Casacos a mil e quinhentos, mil e setecentos euros. Pus imediatamente a Max Mara na lista das marcas a esquecer, pensei "Haja quem" e continuei a minha caminhada. Um pouco mais abaixo vejo a Zegna*. "Sobrecamisas" a dois mil duzentos e cinquenta. Entusiasmo-me com o termo sobrecamisas, que não conhecia e deixo a Zegna onde sempre esteve: marca para "eles". Doismilduzentosecinquentaeuros por uma camisa. Digam outra vez, de um só fôlego. 

E ainda há quem não goste de caminhar pelas ruas de uma cidade!

* - A Zegna conheço. Um dia em Genebra vi ali uma gravata que achei bonita. Nessa altura usava gravatas bonitas. Entrei e perguntei o preço. O senhor que me atendeu respondeu e quando eu recuperei do choque disse-lhe "A Zegna mudou de segmento de mercado? Isto era uma marca tão barata..." "Isto [em itálico acentuado] nunca foi uma marca barata, Monsieur."

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O Cascais Remo está cheio e tenho de esperar cá fora, apoiado em Favaios sucessivos. Comigo espera um grupo de  oito bimbos. A cada duas palavras dizem três palavrões. Falam, surpreendentemente, de futebol. Aposto que se eu vivesse na Idade Média teria pela igreja católica o ódio que hoje tenho pela porra da bola.

(Cont., se Deus quiser.)

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