3.8.24

Diário de Bordos - Palma, Mallorca, Baleares, Espanha, 03-08-2024

Pus a bicicleta a reparar - precisava de uma afinaçãozita nos travões e nas mudanças - comprei um chapéu na sombreria Juliá e vim comer ao Infame. Há dias assim, dias harmoniosos como uma peça de música de Mozart, as coisas encadeiam-se como se fossem fruto do acaso, ou da necessidade, ou da inevitabilidade ou de uma mistura de tudo isto. Toujours est-il: gosto do meu chapéu novo, que me custou menos de metade do chapéu novo que comprei em Lisboa e de que estou farto e aproveitei vim ao Nafi comer umas beringelas recheadas e pensar que amanhã tenho de estar em Portopetro às dez da manhã (ou seja: nove) e pensar que a conversa com o Carl correu bem e vou conseguir recuperar a cana de leme que ele fez e está um simples horror - opinião com a qual ele concorda - e depois vou pedir ao Jaime para cobrir aquilo de couro e depois, ainda depois, vou conseguir dormir, que desde ontem - quando vi aquilo - não consigo.  

Resultado: bebo um vinho esplêndido enquanto olho para a BH e como uma beringela recheada num brevíssimo leito de húmus e me deixo invadir por este sentimento de serenidade. Invadir? Não. Inundar.

Cada vez me interessa menos saber o que é a felicidade e cada vez sou mais capaz de avaliar estes momentos. 

Avaliar? Não. Absorver.

.........

Os dilemas que um homem tem de resolver:

a) Como um sobremesa aqui ou vou directamente ao Claudio?

b) Se for ao Claudio, ponho-me na fila ou vou directamente à janela do lado?

c) Se comer a sobremesa aqui e depois for ao Claudio: vou para o Inferno dos diabéticos ou para o céu dos bem-aventurados?

Tenho de fazer uma árvore de decisões, enquanto acabo o vinho e encomendo a sobremesa. 

.........

P.: Como resolver dilemas?

R.: Vir ao Otaku beber sake.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.