11.5.12

Novas indignações

O pessoal da indignação está, oh tadinhos, estrangulado de novas indignações. Então não é que há uma pessoa, Primeiro Ministro ainda por cima, que em vez de prometer obras absurdas, jobs for the boys, roubos à fartazana, que em vez de mentir descaradamente, de se intrometer em tudo quanto é negócio, de se abifar com umas maquias boas vindas ali do deserto, de ameaçar jornalistas que não lhe sejam favoráveis, que em vez de enterrar o país em dívida e mais dívida diz - segurem-se - que há demasiada aversão ao risco na sociedade portuguesa e que o desemprego pode ser visto como uma oportunidade?

Oh Deus do céu, oh Diabos todos do inferno, oh maldade!!!! Eu próprio, só de pensar nisso, falta-me o ar. Uma nova oportunidade? Mas quem é que quer novas oportunidades? Riscos? Mas quem é quer correr riscos? Quem é que tem o descaramento de brincar assim com o sofrimento alheio? Todos nós sabemos que a nossa estrutura produtiva estava o mais up to date, pardon my chinese que é possível; que não era preciso mudar rigorosamente nada na nossa economia - excepto talvez fazer mais meia dúzia de autoestradas, um ou dois TGV, em T, em L em S e eventualmente também em R de regabofe.

Estou, uma vez mais, solidário com os indignados. Estou cheio de pena deles. Sinto-me um deles. Wir sind alles indignated. 

Como se pode ser tão cruel, tão maldoso, tão inumano? Quem é que consegue imaginar uma oportunidade num momento tão doloroso, momento que pode durar anos, momento durante ao qual uma pessoa só tem forças para ir buscar o cheque da segurança social e pouco mais? Quem pode imaginar que é bom correr riscos?  Só, está bem de ver, um desumano, um ultra-neo-hiper-mega-liberal sem coração, um robot ao serviço do Mal.

(Novas oportunidades? Essa expressão tem copyright. Ainda por cima associá-la a algo que não seja um aldrabice é descaramento a mais.)

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