7.3.18

Diário de Bordos - Aeroporto de Barajas, Madrid, Espanha, 07-03-2018

Dois aeroportos são os piores do mundo - cada um deles, individual e separadamente, de per se: Madrid e Miami -. E neles um passageiro é o pior do Universo: eu. Conseguem transformar-me num aprendiz de viajante, perdido na galáxia, enganado na vida. Hoje vim para o aeroporto uma hora mais cedo do que teria sido necessário. Uma hora de tortura, pior ainda por ter sido provocada pela tonteria aeroportuária madrilenha.

E eu corcunda de saber que se deve olhar atentamente para o cartão de embarque. E que por cada hora que passo neste aeroporto regrido mil viagens. E a pagar uma fortuna por uma merda de um vinho quando em Barajas (a vila, onde estava) ele custa metade do preço e é duas vezes melhor.

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Enfim, chega de queixas. Fui a Barajas (a vila). Aquilo está a dez minutos de Barajas (aeroporto) e parece que fica a mil quilómetros da cidade mais próxima. É uma viagem no tempo, até tem camadas como se fosse um campo arqueológico: vêem-se as ruas originais e depois os prédios modernos, construídos posteriormente, por causa dos aviões. Como lugar tem o mérito único, fácil mas não despiciendo de ser mil vezes melhor do que o aeroporto.

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Esperam-me uns dias em Palma. É difícil explicar o prazer que tenho em estar de novo envolvido com os problemas de barcos. A viagem para Lisboa vai ser uma seca, tudo indica (bastante molhada, por sinal), mas estou ansioso por voltar para o mar.

É verdade que gosto muito de Lisboa e do que lá faço, mas não sei. Deve haver uma vacina, mas nunca ninguém me falou nela - com a possível excepção da história do remo... (Um marinheiro quando se quer reformar põe um remo ao ombro e vai avançando terra dentro até alguém lhe perguntar "o que é isso que tens ao ombro?" É aí que pousa o saco.)

Creio que o antídoto se chama Mértola. Se não for, tem outro nome: onde-não-estou.

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