16.1.21

Subir. Ou: És o teu melhor antidepressivo

Entre pairar e derivar escolhes aquele, claro, mas não tarda dás por ti a derivar, a deixar-te ir arrastado pela corrente - que não vês nem sentes, só sabes que está lá, tens uma ideia aproximada da velocidade - e pelo  vento. A deriva tem a vantagem de não exigir nada de ti senão deixares-te ir, saíres de ti como se deixasses uma casa ou uma cama que te acolheram. Pairar requer atenção, é como se estivesses à janela dessa casa ou sentado na borda da cama. Porém, a analogia correcta não é o mar. É um buraco no qual cais e do qual um dia te fartas, simplesmente. Estás lá em baixo. Evitas olhar para cima, não vá a luz do sol encandear-te. Até que um dia a luz de uma vela chega para te fazer ver. Sabes o que precisas de fazer para sair do buraco: uma escada. Tens ao teu alcance tudo o que precisas para a fazer: os degraus estão em ti, basta ordená-los. A luz do Sol chega-te, ilumina o fundo do buraco - é uma rocha escura, fria, escarpada - mostra-te onde deves pôr a escada, qual a ordem adequada dos degraus.

Está feito. Basta começares a subir.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.