24.9.21

Bar Rita

Não consigo vir ao bar Rita - uma das minhas casas em Palma - sem pensar numa senhora de nome muito parecido por quem um dia me apaixonei. Foi há muito tempo, há mais vidas do que as que os meus poucos dedos podem contar. Foi um daqueles amores possíveis, impossíveis e belos que nos acontecem poucas vezes em cada vida. Ou no conjunto das várias vidas que cada um de nós vive. Acabou bem: o que começa mal acaba pior, o que começa bem acaba melhor. Ainda penso nela frequentemente, apesar de ter acabado há muito tempo: os amores antigos são como a comida da avó: não voltam e nunca nos deixarão. 

Tal como a comida da avó nos constrói as bases do gosto, os velhos amores constroem as bases dos presentes: nada como uma boa plataforma de velhas dores para edificar - ou evitar - as novas.

O amor durou pouco, mas foi infinito enquanto durou. A prova é que o bar Rita mo traz à memória, como se na cicatriz bem fechada a memória - esse sádico cirurgião - se entretivesse com um bisturi.

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