17.6.22

Diário de Bordos - Genebra, Suíça, 17-06-2022

Li recentemente um texto de um tipo que tinha três países, três amores, dizia ele. Eu também tenho três amores, mas não são países. São cidades. Palma, Lisboa e Genebra, sem outra ordem do que a da politesse. A quantidade de coisas amáveis desta cidade é de muito longe superior à das detestáveis, isto sem sequer tomar em conta - naturalmente - o facto de agora aqui ter um neto.

Neto esse que desencadeou uma espécie de revolução em mim, uma revolução à qual o nome de sismo também serve, ambos tranquilos e sem sangue (na medida em que o amor pode ser uma coisa e outra...)

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Comprei um livro do Desproges na Atmosphère (a L'Ivresse já não é livraria, é só café. Felizmente conteve-se o vírus), fui ao mercado de Plainpalais comprar alhos e malaguetas para fazer harissa e agora bebo um copo de vinho na Ferblanterie. A cidade é feita de repetições (o numeral cardinal é dado a título indicativo). Uma senhora eritreiana vende comida do seu país. Tem um aspecto delicioso. Desta vez não levo. Fica para a próxima. Bebo um copo de branco (ditto) na La Devinière, acompanhado(s) por um croissant au jambon da Epi Doré, um café / pastelaria / padaria que pertence a uma senhora portuguesa e onde costumava ir para os croquetes e rissóis.

O meu coração tem quatro divisões. Três estão ocupadas, uma está livre.

Mentira. A quarta é para o mar, que já me chama impaciente. E eu impaciente respondo «Já vou!»

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É verdade: quarta que vem estou de novo no avião, desta vez para Málaga. Impaciente é um understatement. Quatro dias num bote, sozinho, a navegar só de dia? Venham mais mil, que quatro é pouco.

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Este post não pode ir para o Facebook. Estou censurado: escrevi «paneleirices». O FB devia publicar um index palabrorum prohibitorum e isso feito ir para a pata que o pôs. É esta a comunidade na qual querem que vivamos? Ná. A minha é azul e tolera todas as palavras, sem excepção.

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