27.5.24

Assimetrias, eixos de simetria e mulheres bonitas

Acabei de lanchar: pão feito ontem, manteiga da Bretanha, goiabada, rum Madkaud, uma ou outra rodela de chouriço daqueles de pacote. O almoço só correu bem se excluirmos o preço. Vinte e três euros por um prego e duas canecas de cerveja é demasiado.

Ainda por cima vou ter de sair para jantar (e para desanuviar). A ver, como repete o ceguinho a quem o quer ouvir.

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Comecei uma conversa sobre o tema da assimetria, mas não a prossegui. Falar de simetria nas relações - sejam elas profissionais, amicais, sociais, familiares, amorosas, desportivas ou outras - é como discutir o monstro de Loch Ness, os chemtrailers ou a vida sexual dos sete anões: só me interessa de um ponto de vista académico. Na prática nada disso existe: nem simetrias nem chemtrails nem os sete anões. 

Não há simetria em relação nenhuma, qualquer que seja o eixo de simetria que se escolha. Falemos, por exemplo, do conhecimento: eu percebo mais de navegação do que qualquer uma das pessoas que me contrata - o que é normal, porque senão não me contrataria - e menos do que qualquer dessas pessoas da sua área profissional. Se o meu proprietário (fórmula idiomática) for médico, engenheiro, contabilista ou engenheiro de foguetões eu não vou contestar aquilo que ele diz sobre essa parte do conhecimento humano. 

Já o inverso não acontece. Por uma razão que desconheço totalmente um cientista de foguetões pensa que percebe mais do que eu da pilotagem de uma embarcação de vela, por muito que só as tenha visto no cinema. 

Assimetria impossível de resolver.

Outra: um proprietário - podre de razão - pensa que nos paga para fazermos um trabalho bem feito. Acontece que ele não sabe diferenciar os vários graus de "bem feito". Para ele, o critério é binário: se partiu está mal feito, se não partiu está bem feito.

Não é preciso ser um génio para se saber que este critério não é fiável. Fittipaldi teve muitos mais acidentes de viação do que a minha querida Mãe e não passaria pela cabeça de ninguém sugerir que a senhora conduzia melhor do que o brasileiro. 

O problema numa relação, seja ela de que tipo for, não é eliminar as assimetrias. Essas existirão sempre. A questão é atenuar-lhes as consequências. O âmbito, por assim dizer.

Outra questão é saber escolher os eixos de simetria dos quais falamos. Se para o meu proprietário (figura teórica, insisto) o eixo fundamental é o financeiro e para mim o tal eixo de simetria é outro qualquer podemos discutir durante horas: não chegaremos a conclusão nenhuma. 

Por isso, para mim o tema das assimetrias é crucial. Sobretudo, a escolha do eixo de simetria sobre o qual queremos encavalitar-nos.

E do qual, mais tarde ou mais cedo, cairemos.

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