18.5.24

Emoções, alísios e outras tretas

Estou deitado no poço. Trouxe uma almofada para cima, juntamente com um copo de rum (Mount Gay Eclipse, passe a piroseira do nome),  deixei a música (Carmina Burana do Clemencic) lá dentro e vim para cima.

Penso: é de emoções que quero falar. Ou: quero falar de emoções. Quais? O vento ainda não caiu completamente. Este vento tem um nome: alísios. São os alísios que tornam suportável a vida nestas latitudes. Primeira emoção: ser parte dos alísios. Emoção antiga: vem de 1984, a primeira vez que atravessei o Atlântico à vela. Paráfrase: é nas emoções mais antigas que se fazem os melhores sentimentos. Outra emoção: não vou regressar à Europa a navegar. Vou de avião. Que tristeza! Preciso tanto de umas semanas de mar. Outra emoção: mais uma época financeiramente falhada. Quando aprenderei a viver comigo? 

Emoções. A lista, aqui deitado a ouvir o Clemencic Consort, acariciado pelo rum e pelos alísios seria interminável. Sou melhor a acumular emoções do que dinheiro. E a vivê-las, também. Com elas não tenho a relação diarreica - ou hemorrágica, para os menos escatológicos - que tenho com o guito. Consigo mantê-las comigo, em mim. Consigo vivê-las, senti-las, dar-lhes um destino (se tanto é que se pode chamar destino a uma publicação num blogue).

No fundo, tratar-se-ia apenas de não deixar que estas emoções se transformassem automaticamente em sentimentos, mas elas fazem o que querem e de mim um mero espectador.

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