17.9.24

Diário de Bordos - Vigo, Galiza, Espanha, 17-09-2024

O T. J. mete água salgada pela borda de estibordo - a do meu camarote, claro - e perde água doce não sei por onde. Não é uma fuga nos encanamentos porque a bomba de água doce não se põe a trabalhar sozinha, não vem dos duches porque a água não está ensaboada, não vem dos tanques porque estão secos como um dia de Verão no Alentejo. Hoje o dia foi passado a levantar paneiros, limpar e secar fundos, espreitar por tudo quanto é canto. Os paneiros estavam aparafusados - disse ao F. que aquilo é um erro e ele ouviu-me, daí o pretérito - e um deles é enorme. Sugeri-lhe que o cortasse em dois. É importante que se tenha acesso fácil aos fundos. Os quais estavam imundos,  como era de esperar. De tudo isto resultou um belo cansaço que a curta sesta não foi suficiente para curar. Se o I. ainda estivesse a bordo teria deixado a seca aos dois. Não estando, não sou capaz de não ajudar, tanto mais que ele merece. Quem não merece sou eu.

Ou melhor: mereço. O meu estúpido optimismo consegue sistematicamente levar a melhor à experiência. Isto dito, continuo a preferir os pagamentos em modo lumpsum aos mais habituais ao dia ou à milha. Não posso é fazer asneiras como esta. (O que basicamente equivale a dizer que o Sol não devia levantar-se todos os dias.)

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O técnico da Raymarine veio a bordo. Trocou alguns cabos e fichas e disse-me que se tivesse problemas amanhã lhe ligasse. Dos três que tivemos a bordo é o único que me inspirou confiança. A ver vamos, como dizia o ceguinho. 

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Próxima escala: Lisboa.

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Excelente vermute no café Komerzio: Zecchini. Caseiro e artesanal, diz-me o empregado. Não é impossível. Mas de que é bom não há a mais pequena dúvida.

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Não prometo responder a todos os comentários, mas prometo que fico grato por todos.