6.5.04

Synopsis - Um amor cinéfilo

A partir de uma ideia de M. H.

T. é um adolescente de 16 anos, muito grande. Tem um metro e oitenta e quatro, e o cabelo curto junta-se à altura para lhe dar um aspecto ainda mais velho. É um cinéfilo abalizado: mostre-se-lhe um minuto de filme e ele identifica título, actores principais, argumento - e dá uma opinião válida sobre o filme. É um cliente assíduo do videoclube em frente de casa dele, aonde vai quase todos os dias.

Um dia A., uma loira, bonita e pequena trintona vai ao videoclube. Hesita entre dois filmes. Um que ela conhece e outro que lhe é desconhecido. Vai ao balcão perguntar ao empregado o que pensa ele do filme, mas este não sabe. Sugere que T., ao lado, responda.

T. faz uma análise engraçada do filme (tem um bom sentido de humor) e convence A. a levar para casa o que ela não conhecia. A. desafia-o a ir com ela: está sozinha, e pensa (mas não o diz), que T. tem dezoito anos. T. é tímido, mas aceita: ir para casa de uma desconhecida é uma desobediência fundamental, essencial para o adolescente que ele é.

Em casa, A. revela-se: é argumentista de cinema, conhece e trabalha com todas as estrelas que T. admira. Um bonito processo de sedução começa: T. mente - não é a primeira vez - sobre a idade e diz que tem 18 anos; A. deseja-o mas quer que seja ele a dirigir-se para ela; T. não se apercebe, claro: é novo demais para isso. Mas tem toda uma carga de filmes que lhe permitem identificar a situação - só que não sabe como fazer, na vida "real". (Boa ocasião para um diálogo sobre filmes e cinema).

A. está em plena crise de inspiração: tem que escrever um argumento para um filme de terror e não consegue ter uma ideia aproveitável. E a relação deles vai-se desenrolando em dois níveis: T., que é um grande apreciador do género, vai-lhe dando ideias; A. inicia-o no mundo do cinema, e no amor.

O filme é um sucesso, A. manda T. passear, porque se apaixona pelo realizador. E T., que no fim da história completa dezoito anos, fica perdido: as raparigas da idade dele não lhe interessam, e as mais velhas não se interessam por ele: estas coisas boas só acontecem uma vez na vida, e podem destruí-la.

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