15.7.13

Diário de Bordos - Cidade do Panamá, Panamá, 15-07-2013

Os meus passeios (é provocação) pelo Panamá continuam. Hoje fui à ilha de Contadora a - pelo que me disseram - ilha mais desenvolvida (se bem não a maior) das Islas las Perlas.

Fui de ferry, Artie ainda está nas mãos dos diferentes fornecedores. (Digo diferentes, mas é um esforço: são todos iguais. Mentirosos, careiros, incompetentes. Enfim, exagero, como de costume. Mas a verdade é que é frustrante, irritante sentirmo-nos enganados todos os dias e nada poder fazer.)

As ilhas - a ilha - é muito bonita. Água clara, transparente - há quanto tempo não vejo areia no fundo do mar? - muitas árvores, ruas cuidadas. Pouco admira: é o refúgio dos ricos do Panamá.

Não há melhor maneira de avaliar um país do que pelo gosto dos seus ricos. Não são os pobres que fazem um país. Esses são feitos por ele. Os ricos são o seu cartão de visita, o seu lado apreciável (ao contrário de comentável, ou escandalizável). E Contadora diz-me mais sobre o Panamá do que vinte passeios pela cidade. Mau gosto, ostentação, kitsch, kitsch, ostentação, mau gosto. Contadora é isto, rodeado de uma incrível beleza - incrível porque sobrevive, porque se vê, respira e sente.

As outras ilhas devem ser fantásticas, porque "menos desenvolvidas". Há cento e sessenta, das quais cinco ou seis habitadas. Tenho pena de não poder cruzeirar um bocadinho por aqueles lados.

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"O Panamá é um misto de cultura americana e de cultura centro-americana", diz-me Soraya, a quem acabo de comprar uns brincos não sei bem porquê (porque são bonitos, e um dia oferecê-los-ei). "Talvez. Mas dos maus aspectos de cada uma delas" respondo. "Se queres ver essa mistura com os lados bons, vai a Puerto Rico". Mas Soraya não está interessada em conselhos viajístico-culturais. Quer vender a sua bijuteria, ponto. Agradece-me com um vigoroso aperto de mão e vai-se embora.

Tenho um par de brincos bonitos para oferecer.

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Havia um concerto de violino no Teatro do Coleguo de San Augustin. Não consegui ir: quando cheguei de Contadora tive de ir encher os tanques de água e a coisa escapou.

Foi o primeiro sinal de que há vida em Panamá para além do Casco Antiguo.

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