13.7.14

O tubarão vai ao barbeiro

O tubarão perdera a barbatana havia muito tempo, mas mesmo assim ainda lhe custava nadar a direito. Foi uma galinha que me debicou a puta da  barbatana. Tornara-se carnívora e eu não dei por nada, explicava a quem o queria ouvir.

Ninguém o queria ouvir.

Estava na rua das Chagas (abertas). Ao fundo da rua há um barbeiro desses que imitam os barbeiros de antigamente.

Estou farto do antigamente. Quando é que estes gajos começarão a imitar o futuro?

Mas entrou. Barba, cabelo e poucas palavras, pediu.

Na parede havia um cartaz. Corte o cabelo cinco vezes e deixamo-lo sair para a rua das Chagas (fechadas).

Não seria má ideia. Estou farto de andar às voltas na porra da Chagas (abertas). Mas sem a barbatana não faço senão andar às rodas. Puta da galinha carnívora.

O barbeiro estava com medo de lhe fazer o bigode.

O senhor promete que não me come o braço?

O tubarão acenou. Agora sou herbívoro, sua besta. E quando acabar recomece tantas vezes quantas as necessárias para eu poder sair pela ruas das Chagas (fechadas).

Se o senhor tubarão me deixasse falar talvez eu pudesse dar um jeitinho...

Estes cabrões mai-los jeitinhos. Irritado comeu o braço ao barbeiro.

A porta da rua das Chagas (fechadas) abriu-se.

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