20.11.15

Diário de Bordos - Errol Flynn Marina, Port Antonio, Jamaica, 20-11-2015

A história é simples, triste e conta-se depressa.

Há uns dias chegou um cata da Sunsail. Vinha de Tortola e ia para Belize. Antipatizei com o skipper mal o vi. Foi uma daquelas antipatias imediatas e inexplicáveis. O rapaz nem sequer era agreste ou malcriado, mas pronto, não me passou pelo estreito. Anteontem vi-o fazer uma coisa com a qual não concordo muito e confirmei o meu sentimento.

Ontem ia-se embora. Os dois tripulantes que trazia desembarcaram (quando lhe perguntei porquê - vinham mesmo a calhar - respondeu-me evasiva e inverosivelmente que "tinham gostado muito da Jamaica e vão ficar aqui") e ele ia seguir viagem sozinho. Achei estranho porque as empresas não costumam autorizar transportes em solitário. Perguntei-lhe se a Sunsail o permitia disse-me com um sorriso entendido que sim e depois acrescentou "de qualquer forma não vou dizer-lhes". Pensei, mas não lhe disse, que o problema não era a sunsail, era a companhia de seguros.

Antes de largar passou por mim e despediu-se, simpaticamente.

Hoje quando acordei vi o cata na área técnica, mastro inclinado. Adomeceu e bateu num recife. Fui com o E. ver o barco (E. quer começar uma empresa de charter e está à procura de pechinchas). O rapaz não se calava "Não posso acreditar", dizia. Depois E. e eu fomos beber uma cerveja ao Peter (o daqui, infelizmente). Ficámos a saber que quando saiu de lá ontem à tarde - isto é, pouco antes de ter passado por mim para se despedir - estava tão bêbedo que o Peter lhe recusou mais cerveja.

Goste ou não do rapaz não deixo de lhe lamentar a sorte. Tem a carreira destruída - e isto sem ser preciso que se saiba quão bêbedo estava -.Também eu fiz muitas asneiras, felizmente nenhuma com consequências tão graves. Só com uma coisa me alegro: verificar o que aprendi e, dadas as circunstâncias que me fizeram parar na Jamaica, que ainda sou capaz de aprender.

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